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Geraldo Batista da Costa, estudante do penúltimo ano de Medicina da UFPR, faz internato o dia todo no Hospital do Trabalhador. | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Geraldo Batista da Costa, estudante do penúltimo ano de Medicina da UFPR, faz internato o dia todo no Hospital do Trabalhador.| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Depoimento

Salvar vidas e ajudar a viver bem

Sempre me identifiquei com a profissão, desde criança. Depois de formada, fiz especialização em homeopatia, mas acabei trabalhando com emergência médica. Por isso passo o dia dentro de uma ambulância, vendo, diariamente, pessoas à beira da morte.

O que me faz amar a Medicina é ver o quanto tudo o que eu aprendi é fundamental na hora de salvar alguém. É ter consciência de que mesmo que o paciente não consiga sobreviver eu terei feito tudo o que foi possível, tudo o que me preparei para fazer.

Eu ajudo o coração voltar a bater, faço com que a pessoa respire novamente. São poucos segundos que separam a vida da morte. Claro que não sou Deus, mas sinto que meu trabalho é decisivo na vida de quem atendo.

Sei que muita gente escolhe Medicina também pelo dinheiro e pelo status, que de certa forma fazem parte da profissão, mas o que eu aprendi, depois que comecei a atuar, é que ela vai muito além disso. Eu não só socorro as pessoas, mas as ensino a viver melhor, a fazer o que é correto para a saúde. São todos esses motivos que me fazem levantar todos os dias e dizer que, mesmo que pudesse voltar no tempo, não escolheria outra profissão. Ser médica é muito gratificante.

Cristiane Inês de Souza, médica de emergência e UTI móvel.

Com tantas horas de estudo é praticamente impossível que o aluno de Medicina consiga trabalhar. A grande maioria acaba tendo de contar com a ajuda da família, o que nem sempre é possível. A boa notícia é que algumas instituições oferecem recursos para estudantes de baixa renda. Um exemplo é a bolsa permanência da UFPR, que destina, mensalmente, R$ 315 ao aluno, para ajudar nas despesas com alimentação e transporte. "Sabemos como é difícil se manter, mas a falta de dinheiro não é o que vai fazê-lo desistir. Quase sempre conseguimos resolver o problema para evitar a evasão", explica o coordenador do curso da Federal, o médico ginecologista Edison Luiz Tizzot, que diz que o curso tem uma das menores taxas de desistência da instituição.

Para quem não conseguiu vaga em uma instituição pública, a mensalidade pode ser a grande vilã. Nas cinco instituições particulares do Paraná o valor fica em torno de R$ 3 mil por mês. Existe, contudo, a possibilidade de os estudos serem subsidiados pelo governo federal. As opções são o Fi­­nan­cia­mento Estudantil (Fies) – em que o estudante faz uma espécie de empréstimo para custear as mensalidades e depois de formado tem de pagar o saldo devedor – ou pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que dá bolsas parciais e totais para quem comprova baixa renda e tem boas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

É com o auxílio do Prouni que Danilo Barbosa, estudante do quarto ano da Faculdade Evan­gélica do Paraná (Fepar), está conseguindo fazer o curso. Ele, que desde criança sonhava com a Medicina, saiu do interior de São Paulo para tentar a vaga, que só veio depois de três anos de estudo. Mesmo com a bolsa, ele conta que não é fácil se manter na cidade, longe da família. No começo chegou a trabalhar em horários alternativos. Foi de agente penitenciário a vendedor de loja. Porém, veio o momento em que o trabalho estava atrapalhando os estudos e ele teve de parar. "Cheguei a reprovar, porque estava sem tempo de estudar em casa. Não tem mesmo como levar as duas coisas ao mesmo tempo", conta ele, que atualmente faz "bicos", prestando serviços na área de informática, para garantir um dinheiro extra.

Geraldo Batista da Costa, que está no quinto ano na UFPR, passa por situação semelhante. "Hoje, uma saída que encontrei é trabalhar aos domingos em uma churrascaria. Mesmo assim é complicado. Deixo de fazer muitas coisas, inclusive sair com meus amigos no único dia que teria de descanso."

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