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 | Priscila Forone/Gazeta do Povo
| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Passar no vestibular é apenas o primeiro passo para o começo de uma longa jornada rumo ao mercado de trabalho. Está enganado quem pensa que durante a graduação basta focar-se nos estudos e que dá para planejar a carreira só quando o canudo estiver na mão. A orientadora vocacional, psicopedagoga e coordenadora do site Portal Vocacional, Gilvanise Vial, acredita que o sucesso na carreira está ligado a um bom planejamento ainda na universidade. No início do mês, ela deu uma palestra na Universidade Positivo sobre o tema. Confira a entrevista concedida à repórter Anna Simas pouco antes do evento.

A preparação para o mercado de trabalho deve começar dede o primeiro ano do curso?Assim que o estudante entra na universidade ele deve planejar seu futuro, ter uma visão adiantada das coisas e prever quais caminhos pode tomar durante sua formação. Não dá para se formar e ficar perdido, que é o que acontece muitas vezes. Nestes casos ele vai acabar em um trabalho fora da sua área de formação ou atuando em alguma empresa ou negócio da família.

Como deve ser o planejamento?O universitário precisa pensar na sua vida profissional como uma viagem. É preciso se programar, ver onde quer ficar, o que precisa fazer para chegar lá, qual o custo disso – não necessariamente material, mas de formação mesmo, envolvendo os cursos extracurriculares a serem feitos.

Mas no primeiro ano o acadêmico ainda não teve tempo de conhecer bem o curso para saber qual área prefere. Como fazer nesse caso?O ideal é que ele procure conhecer as várias opções dentro do que escolheu. Isso é possível conversando com profissionais, fazendo vários estágios e participando de palestras e congressos. No começo o estudante tem de experimentar um pouco de tudo. Todas as profissões têm um leque amplo de atuação. Não há como chegar no último ano sem saber o caminho que deseja seguir, porque, para quem não quer nada, qualquer caminho serve. Existe uma frase do pensador romano Sêneca que eu sempre uso com meus pacientes: "Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir".

É comum o estudante entrar com uma ideia na cabeça e mudar de opinião durante o curso?É comum sim, mas também tem aquele que entra querendo uma coisa e persiste até o final. O principal é não se fechar nunca. É preciso estar aberto às novas opções, não deixar de experimentar porque pensa que já escolheu.

Isso vale até para os que acham que descobriram sua vocação antes de entrar no curso?Vocação é um termo de que não gosto muito, porque está mais atrelado a um chamado religioso. O que existe é orientação profissional, que eu acredito estar ligada a interesses. Todo mundo tem suas preferências, aquilo de que gosta mais. Indico que o estudante pense muito nisso antes de escolher, pense em como será o dia a dia da área que deseja. Não é o aluno que deve se encaixar em uma profissão; ele precisa encontrar a profissão que tem a ver com suas aptidões.

O senso comum diz que muitas vezes é preciso escolher entre a carreira de melhor remuneração e o prazer profissional. Funciona mesmo assim?Eu sempre digo que dá para ter retorno financeiro fazendo o que se gosta, mas às vezes o estudante tem de escolher sim uma profissão que vai trazer boa remuneração a curto prazo. Aí faz parte do planejamento dele, daquilo que ele prefere, se é trabalhar todos os dias com o que gosta ou chegar no fim do mês e se sentir feliz com o salário.

Quem acerta o curso de primeira costuma ter sucesso profissional? Há uma relação direta entre as duas coisas?Não necessariamente. Tem gente que muda cinco, seis vezes. Recebo muitos pacientes assim na clínica. Mas é o que eu sempre digo: a escolha tem de ser consciente. Não dá para cair de paraquedas em um curso.

Depois de escolhido o curso e a área, o que é mais importante fazer?Primeiro o estudante deve se preocupar com a imagem que cria não só com os professores, mas com os colegas. O que se faz na faculdade fica marcado depois. Se o aluno é aplicado, organizado e estudioso, são essas as características que serão lembradas pelos outros no futuro. Quando precisarem de alguém ou forem dar uma indicação, é este aluno que será chamado. O contrário também é verdadeiro. O aluno bagunceiro, disperso, que não leva o curso a sério, não terá muitas chances de ser lembrado depois.

Mas há como reverter a imagem ou um estudante que age de determinada forma ficará marcado para sempre?Não significa que o estudante ruim será um péssimo profissional e vice-versa. Só que, depois da formatura, dificilmente os outros têm como saber que a pessoa mudou. O que vai ficar é a imagem que ele construiu na graduação.

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