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O presidente Jair Bolsonaro durante a convenção nacional do PL que confirmou sua candidatura à reeleição: comitê de campanha comemorou evento| Foto: André Coelho/EFE.

O evento de lançamento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República foi comemorado pelo comitê da campanha. Para eles, a convenção nacional do partido consolida o trabalho da equipe composta por técnicos e políticos que atua nos bastidores pela reeleição presidencial.

Da montagem da infraestrutura e organização da convenção nacional às falas incorporadas por Bolsonaro em seu discurso como candidato à reeleição, tudo foi meticulosamente elaborado e alinhado com o presidente pelos responsáveis por sua coordenação eleitoral.

O comitê de campanha de Bolsonaro se reúne no mínimo duas vezes por semana para elaborar, definir e executar as orientações políticas da campanha. Os encontros ocorrem em uma casa alugada pelo PL no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, capital federal.

A campanha segue um trabalho de gestão e disciplina metódica dos militares, sendo dividida em quatro núcleos: o político; o de planejamento estratégico; o de produção; e o de coordenações regionais e temáticas.

Cada núcleo tem suas responsabilidades específicas, mas dialogam entre si a fim de elaborar, alinhar, ajustar, definir ou até rever determinadas estratégias da campanha. O objetivo é aplicar uma coordenação profissional que possa impulsionar a campanha e reeleger Bolsonaro.

Quem são os "cabeças" do núcleo político e o que fazem pela campanha

Os integrantes do núcleo político são apontados como os principais responsáveis pela execução das orientações políticas e estratégias da campanha. É composto por cinco integrantes: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ); o general Braga Netto (PL), o vice de Bolsonaro na chapa; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP; e o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP).

Embora alguns caciques políticos aliados deem sugestões para a campanha e dialoguem com os integrantes, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), o núcleo político é majoritariamente formado por esses cinco.

São eles que conduzem as articulações políticas para a formação de palanques de Bolsonaro nos estados, pensam em discursos e os alinham com o presidente e a base, por exemplo. Também são eles que analisam e discutem as pesquisas eleitorais, que são vistas pela campanha como "termômetros" e "fotografias" de momento que ajudam a delinear algumas estratégias, como o foco nas eleitoras.

Dos cinco membros do núcleo político, Flávio e Braga Netto atuam como coordenadores-gerais e despacham todos os dias no comitê de campanha, ou o "QG" (quartel general), como é dito por alguns. Enquanto o senador atua mais na articulação política, o vice da chapa de Bolsonaro tem o foco maior na gestão estratégica. Ambos também cuidam da montagem do plano de governo.

Embora nunca tenha assumido um cargo eletivo, a atuação de Braga Netto no núcleo político tem sido reconhecida no comitê. Nas últimas semanas, ele buscou contato e fez a interlocução com vários políticos da base para fortalecer as articulações nos estados e alinhar discursos e procedimentos. O militar é quem coordena a estratégia de defesa do legado da atual gestão como "ponte" entre o governo e a campanha.

A presença de Braga Netto na campanha atende a um pedido do próprio Bolsonaro, que ainda no início do ano o queria como vice, e foi bem acolhido no QG. O militar chegou para ajudar Flávio na coordenação e estancar ruídos entre as equipes. O militar assumiu as funções com uma meta de colaborar para que todos deem seu melhor, sem individualismos.

Com Braga Netto auxiliando a coordenação-geral, Flávio, Valdemar e Ciro Nogueira têm cuidado das articulações políticas. O senador é quem costura as pontes por Bolsonaro com outros caciques partidários nacionais e estaduais, e os presidentes do PL e do PP selam os acordos dentro de seus partidos.

Já Fabio auxilia o núcleo político nas principais estratégias de comunicação e marketing e dá ideias relacionadas à campanha na área. Pelas ligações que têm junto a empresas do setor de comunicações e pelas funções que ocupa como ministro, é outra peça-chave do comitê.

Conheça mais os coordenadores do núcleo político

  • Flávio Bolsonaro: líder do PL no Senado e filho de Bolsonaro, capitaneou as costuras políticas na montagem da aliança entre PL, PP e Republicanos com a anuência do pai para os acordos políticos firmados com as cúpulas partidárias e também trabalhou para incluir União Brasil, PSD e MDB na coligação.
  • Braga Netto: ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, foi escolhido para ser o vice de Bolsonaro pela fidelidade e alinhamento ao presidente, além da perspectiva de interlocução junto a empresários e políticos no Sudeste, especialmente Minas Gerais e Rio Janeiro.
  • Valdemar Costa Neto: o ex-deputado federal atua como um influente articulador de bastidores para a costura de palanques de Bolsonaro. Também trabalha para assegurar o financiamento da campanha presidencial.
  • Ciro Nogueira: líder do Centrão, também atua na construção de palanques para a campanha. Virou homem de confiança de Bolsonaro e fiador do apoio do centro político à reeleição presidencial.
  • Fábio Faria: considerado um parlamentar com trânsito entre vários partidos, tem atuação importante principalmente por sua conexão com grandes empresários do setor de comunicação, como Sílvio Santos, de quem é genro.

Quem integra os núcleos de planejamento estratégico e de produção

O núcleo de planejamento estratégico é o responsável por discutir a linha de criação da campanha, estratégias de comunicação e define os eventos e agendas de Bolsonaro. É composto por assessores dos integrantes do núcleo político, pelos profissionais de marketing político e pelo empresário Fábio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação Social (Secom) da atual gestão.

O ex-titular da Secom atua como coordenador de comunicação e cuida do relacionamento com a imprensa nacional e nos estados pela campanha. Ele auxilia na redação do plano de governo e em estratégias de marketing.

Wajngarten é apontado por alguns interlocutores como uma peça importante que ajudou a estancar os ruídos na área da comunicação da campanha, como uma espécie de mediador em meio a divergências sobre as estratégias adotadas. O conhecimento do setor e o relacionamento com a família Bolsonaro, a imprensa, e empresários e profissionais de marketing político é reconhecido e destacado no comitê.

Outro integrante desse núcleo é o publicitário Duda Lima, o marqueteiro de confiança de Valdemar Costa Neto e da cúpula do PL. É o responsável por cuidar da área criativa e das peças publicitárias para TVs e rádio.

O marqueteiro Sérgio Lima, profissional que trabalhou no Aliança pelo Brasil — o partido que Bolsonaro tentou criar após deixar o PSL — é outro integrante destacado. É o responsável por cuidar do conteúdo para as redes sociais e de peças de campanha para essas mídias digitais.

Os três profissionais trabalham diretamente com assessores de confiança das autoridades políticas, sendo esses tidos como os "secretários-executivos" do núcleo político. Também atuam na coordenação de comunicação e na linha de criação.

Tanto Wajngarten, Duda e Sérgio, bem como os braços direitos das autoridades políticas, atuam em conjunto com assessores diretos e subalternos a eles. Esses técnicos compõem o núcleo de produção da campanha, responsável por colocar a "mão na massa" e dar "vida" aos planejamentos, explicam interlocutores ouvidos pela Gazeta do Povo.

Conheça mais os coordenadores do núcleo estratégico e de produção

  • Fábio Wajngarten: o ex-secretário especial da Secom conheceu Bolsonaro em 2016 e o auxiliou na campanha de 2018. Mantém contato com a cúpula de algumas das principais emissoras de televisão aberta do país, como Record, SBT, Band e Rede TV.
  • Duda Lima: marqueteiro de confiança do PL, atuou em candidaturas do partido em Mogi das Cruzes (PL), base eleitoral de Valdemar Costa Neto, e trabalhou em outras campanhas políticas, como a de Celso Russomanno (Republicanos-SP) na disputa pela prefeitura de São Paulo.
  • Sérgio Lima: marqueteiro próximo da família Bolsonaro, foi o responsável por conduzir a estratégia de comunicação e desenvolver a identidade visual do Aliança pelo Brasil. Também produziu um aplicativo para a coleta de assinaturas do partido, que não saiu do papel.

Quem encabeça o núcleo de coordenações regionais e temáticas

O núcleo de coordenações regionais e temáticas é o responsável por coordenar as agendas e customizar conteúdos para as regiões. Seus integrantes auxiliaram na produção de materiais que contêm informações resumidas sobre as principais realizações e feitos da gestão Bolsonaro em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Tais conteúdos são utilizados para informar e engajar a base política.

Um dos principais integrantes desse núcleo é o empresário Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo e pré-candidato ao Senado por Pernambuco. Ele é o responsável por capitanear a coordenação no Nordeste, visando melhorar o desempenho eleitoral do presidente na única região em que ele perdeu para Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial de 2018.

O núcleo também cuida da coordenação de ações voltadas para mulheres, jovens, cristãos e outros grupos que a campanha entende que podem fazer a diferença para a reeleição de Bolsonaro. O trabalho desempenhado foi determinante para enaltecer o papel das mulheres na candidatura, por exemplo.

A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), é uma das principais integrantes desse núcleo. Tem sido inserida há algum tempo como orientadora da primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Interlocutores da campanha apontam que Damares ajudou Michelle com o discurso feito por ela na convenção do PL, no domingo passado (24).

A primeira-dama, naturalmente, também tem papel de atuação nesse núcleo, tendo feito sugestões para o plano de governo e para a comunicação da campanha. Michelle e Damares são tidas pela campanha como peças-chave para consolidar votos não apenas entre mulheres, mas também junto a evangélicos, povos tradicionais, pessoas com deficiência e também entre os eleitores mais pobres.

Conheça mais os coordenadores regionais e setoriais

  • Gilson Machado: o ex-ministro do Turismo é um nome próximo da família Bolsonaro e do Centrão, tendo Arthur Lira como um de seus "padrinhos" políticos. Atua para tentar reduzir a rejeição e impulsionar Bolsonaro no Nordeste.
  • Damares Alves: a ex-ministra auxilia a elaboração do plano de governo com sugestões para as áreas dos direitos humanos e das mulheres. Também usa sua experiência como assessora parlamentar para ajudar Michelle Bolsonaro.
  • Michelle Bolsonaro: a primeira-dama é tida como peça fundamental para reduzir níveis de rejeição de Bolsonaro entre alguns grupos do eleitorado brasileiro. Tomou uma decisão recente de se engajar mais ativamente na campanha.
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