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O conceito de arte no futebol foi sofrendo gradual transformação com a mercantilização do esporte mais popular do planeta. No passado todos torciam pelo seu time de coração, mas quando tinham a oportunidade, compareciam aos jogos em que seu time não participava, admirando o futebol praticado pelos adversários.

Como não havia televisão, até a massificação verificada nos últimos 20 anos com a chegada das redes por cabo e a transmissão de praticamente todas as partidas nacionais, além de dezenas de partidas internacionais – dentro da grade diária de programação –, quem gostava de futebol tinha de ir aos estádios.

O torcedor moderno foi induzido a tornar-se fiel acompanhante do seu time, porém com menor grau de exigência quanto à qualidade do espetáculo e quase nenhum interesse em assistir aos jogos dos adversários. O torcedor moderno ficou mais fanático e menos seletivo, contentando-se em amar o seu time e, lamentavelmente, odiar os concorrentes. Com menor número de equipes e com os maiores astros concentrados no eixo-Rio-São Paulo, era comum os torcedores paranaenses dirigirem-se ao Maracanã e ao Pacaembu para assistir aos verdadeiros shows de bola proporcionados por Zizinho, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Canhoteiro, Mazzola, Djalma Santos, Dida, Vavá, Gerson, Rivellino, Ademir da Guia, Pelé e outros.

Aqui, valia a pena ir aos estádios para assistir às exibições de Fedato, Bequinha, Miltinho, Almir, Ronald, Krüger, Cláudio, Leocádio, Aladim, Odair, Mandrake, Zeca, Miguel, Odilon, Ocimar, Zé Roberto, Taíco, Pedrinho, Renatinho, Alfredo, Zé Roberto, Sicupira, Nilson, Paulo Vecchio, Madureira, Grilo e outros.

Como virou mero programa de televisão, o futebol apresentado diariamente é muito pobre para quem passou décadas admirando craques que mereciam ser chamados de craques. Mas não deixa de ser ótimo que ainda tenhamos alguns jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi, Iniesta ou Neymar para contemplarmos o futebol praticado por craques excepcionais. Melhor ainda para que a juventude internacional e a juventude brasileira em particular possam ver como é possível jogar num grau muito mais elevado do que este a que estamos habituados há algum tempo.

E também para que ela, a juventude, compreenda que não há exagero quando lhe contam coisas geniais dos grandes jogadores do passado. Sobretudo para que os jovens não pensem que esses jogadores extraordinários, neste ou em outros paí­ses, são fruto da imaginação de cronistas ou torcedores saudosistas, como gostam de chamar, sem nem sequer saber ao certo o que significa a palavra saudosista.

Os jogadores citados e dezenas de outros fazem parte da História – e História não é coisa de saudosistas, mas sim de pessoas que prezam a cultura, a memória, a arte, o intelecto, a identidade dos povos e das nações.

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