Um é técnico de futebol e responsável direto pela dor de cabeça de 180 milhões de brasileiros. O outro, mesmo sendo médico neurologista, não se livra da enxaqueca que as confusões que o nome lhe traz desde 1994. Culpa do homônimo famoso.

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Carlos Alberto Parreira Goulart, de 53 anos, já perdeu as contas do número de piadinhas (algumas de mal gosto) que tem de agüentar por causa do xará e técnico da seleção brasileira, dez anos mais velho. Ainda mais em época de Copa do Mundo, quando os nervos dos pacientes estão literalmente à flor da pele.

"É sempre assim: quem entende um pouquinho de futebol sempre vem com a escalação certa na hora da consulta, quer dar dicas. Como se o responsável fosse eu", brinca o doutor Parreira, um simpatizante do Santos que não pisa num estádio de futebol há quase 23 anos. "Gostava do Pelé. Mas só passei a me interessar um pouco mais pelo esporte na Copa de 94, justamente na época em que o outro Parreira virou técnico do Brasil", justifica.

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Foi nesse período que o neurologista entendeu, de uma maneira divertida, o tamanho da pressão que persegue o xará boleiro. "Tinha saído de férias com a minha esposa e viajamos para Parati (RJ). Fomos a um restaurante para comer frutos do mar. Paguei a conta com cheque e quando o dono do estabelecimento viu o meu nome, gritou para fechar todas as portas que o ‘homem’ estava ali. Tomei um susto. E um senhor, mesmo diante das diferenças físicas, acreditou. Quase fui agredido. A sorte é que o dono do restaurante interveio e explicou a brincadeira", recorda ele, às gargalhadas.

Apesar do já declarado conhecimento de almanaque, o Parreira paranaense não se intimida em dar seus pitacos no trabalho do homônimo. "Se fosse eu, trocaria tudo. Transformaria o time reserva em titular. Parece que falta vontade a alguns jogadores", sustenta o médico, que mesmo assim acredita que o pai do tetra trará o hexa. "Se fizerem a seleção dos melhores do mundo, nós vencemos. Mas para isso é preciso querer, mostrar ambição", diz, preocupado com o desinteresse causado pelo excesso de dólares.

Além do nome e sobrenome, o Parreira Goulart tem algumas outras coincidências com o Gomes Parreira. Assim como o técnico, o médico gosta de relaxar escrevendo – o da seleção acabou de publicar um livro – e brincando com a filha mais nova, Carla, que completará oito anos sábado, data em que o treinador estará decidindo sua sorte diante da França, pelas quartas-de-final do Mundial da Alemanha, e com as netinhas Isabela e Daniela, de 5 e 3 anos respectivamente.

"Pena que eu não tenha a conta bancária dele", brinca, enquanto prepara a resposta para o próximo engraçadinho que pedir a escalação da seleção. "A dor de cabeça dele só terá solução quando o time for campeão", receita o doutor.