Weggis, Suíça – Parreira, 1994. O técnico da seleção administrava um jejum de 24 anos sem título. Durante o turbulento percurso até a Copa dos Estados Unidos foi massacrado pela imprensa, vaiado em muitos jogos, rotulado de retranqueiro, mas preservou a fama de pessoa gentil, paciente e afável.

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Parreira, 2006. À frente do atual campeão do mundo, o comandante goza de um alto índice de popularidade, tem sido festejado pelo quarteto ofensivo, vive a tranqüilidade de comandar um grupo sem polêmicas, porém se mostra irritado, irônico e soberbo.

Nas três oportunidades que o treinador veio falar em público sobre a preparação na Suíça, mostrou-se avesso às perguntas de ordem tática, ignorou muitos dos questionamentos sobre os adversários e chegou a ser arredio quando questionado sobre a falta de outras opções no time titular.

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Na entrevista coletiva de ontem, exemplo dessa transformação em 12 anos, ele abriu o microfone para contestar a sua suposta regressão no estado de espírito. Chegou a ser dissimulado.

"O técnico da seleção está em paz com a vida. Tranqüilo, sossegado, sem nenhum problema. Na CBF, antes de embarcar, dei cinco entrevistas. Eu, como modelo, iria morrer de fome. Os fotógrafos pediam um sorriso, mas eu não consigo. Porém estou de bem com a vida. O trabalho está indo dentro do que a gente planejou", disse.

No decorrer da sabatina, o responsável pela busca do hexa foi agressivo ao explicar sobre as convicções na escalação da equipe. Respondeu, dirigindo-se ao autor da pergunta. "Você acompanhou a Eliminatória? A Copa das Confederações? Você acompanhou? Viu algum jogo do Brasil? Então a minha convicção está cristalizada em cima de jogos oficiais e não treinamento. E para começar é o quadrado. Não posso tirar ilações antes de começar a competição."

A segurança no discurso logo chamou a atenção de um repórter estrangeiro. Em português truncado, indagou-lhe sobre se a segurança nas respostas não poderia transparecer arrogância e ainda qual seleção merece respeito – pedindo que o técnico exclui-se o Brasil. Parreira disse não ter entendido direito a questão, mas acabou sendo generoso no comentário. "Inglaterra, Holanda, Portugal e Alemanha, que joga em casa, tem sete finais e vai crescer e incomodar muita gente."

Outro traço marcante na primeira semana em Weggis tem sido justamente a auto-confiança. "Quando partimos com a bola dominada, ninguém tem tanta qualidade como a gente", ressaltou nesse domingo. "Se está tudo correndo bem (sem crises e problemas) não é por acaso, é trabalho nosso", sublinhou.

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