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Acompanhei in loco, no sábado, a inauguração da Arena do Grêmio. Estádio belíssimo, padrão europeu, o início de uma tendência a ser ampliada ano que vem com a inauguração dos 12 estádios da Copa do Mundo de 2014 e a casa nova do Palmeiras.

O que mais me chamou a atenção, porém, foi o contraste entre o colossal estádio – são 52 metros do gramado à cobertura – e a paupérrima vizinhança. Barracos de madeira, casebres de tijolo, ruas de antipó e muita lama estão a poucos passos do gigante azul.

Um dos pilares do projeto é o desenvolvimento e revitalização do bairro Humaitá, Zona Norte de Porto Alegre. Lembro-me de ter ouvido o mesmo em Atenas, por causa da Olimpíada de 2004. O Olympiacos ergueu seu novo e belo estádio Karaiskaki, usado nos Jogos, em uma região afastada e degradada da capital grega. Os moradores – em sua maioria imigrantes albaneses – foram varridos dali para pontos mais distantes. São as mesmas pessoas que, hoje, tomam o centro de Atenas em protestos cada vez mais intensos contra a crise que a Olimpíada não provocou, mas ajudou a encorpar.

A dita revitalização, na verdade, é especulação imobiliária disfarçada. O estádio e seu complexo – com shopping, escritórios e condomínio a serem construídos – vão valorizar toda a região, para a alegria de corretores e construtores. Imóveis mais caros, moradores mais ricos. A preocupação social é nula. O Grêmio, que no pacote generoso recebido do poder público para erguer o estádio ignorou este viés social, apenas vai esperar o tempo passar para ter uma vizinhança com mais potencial de cliente na sua bela Arena.

Sem sal

Quando apenas opunha o campeão europeu ao sul-americano, em busca de um troféu e um carro zero, o Mundial de Clubes era mais verdadeiro que o formato chancelado pela Fifa. O torneio atual é arrastado, chato e com o nível técnico médio lá embaixo. Um Mundial não deve ter apenas a preocupação de pinçar representantes de todos os continentes, mas também de ser um extrato da excelência futebolística.

A competição precisaria de pelo menos mais um europeu e um sul-americano para ter alguma graça. Passar a ser uma disputa bienal também ajudaria, de preferência sendo jogada no meio do ano (vide Copa do Mundo, Eurocopa, Copa América), não em um momento em que os sul-americanos já estão de férias e os europeus, no ápice da temporada.

Até semana passada o Chelsea se ocupava de não ser o primeiro campeão europeu a cair na fase de grupos da edição seguinte. Fracassou. E sua redenção só virá da Premier League, não do Japão. Mesmo o Corinthians, que dá muito mais importância ao Mundial, pagará um bicho pela sua conquista inferior ao da Libertadores. Noção clara da dificuldade de vencer um ou outro torneio.

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