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Petraglia durante tensa coletiva na Arena da Baixada: agressão verbal a jornalista.
Petraglia durante tensa coletiva na Arena da Baixada: agressão verbal a jornalista.| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

O presidente do Conselho Deliberativo do Athletico, Mario Celso Petraglia, não gostou de ser questionado sobre a dívida da Arena durante a entrevista coletiva desta segunda-feira (13), pediu para a repórter Luana Kaseker “se calar” e ameaçou proibir a entrada da Gazeta do Povo nas próximas coletivas do clube. O encontro com jornalistas tinha como pauta principal o caso de doping de jogadores do clube na Copa Libertadores.

A diretoria do clube foi notificada pela Conmebol pelo uso de substância proibida do zagueiro Tiago Heleno e reconheceu o risco de o meia Camacho também ter ingerido o estimulante Higenamine (medicamento para emagrecimento e aumento de massa muscular).

No fim da entrevista, ao ser questionado sobre a pendência envolvendo o estádio (o balanço do clube mostra que o passivo chega a R$ 430 milhões), o dirigente pediu outra pergunta sobre o tema do encontro. A repórter então quis saber se a ausência do volante Bruno Guimarães da partida contra o Boca Juniors (por causa de uma amigdalite, diz o Athletico) teria também relação com alguma suspeita de doping.

Indignado, ele interrompeu a jornalista antes da elaboração da pergunta de forma ríspida e a advertiu verbalmente. “Por favor, estou pedindo que ajudem a melhorar a imagem dos atletas envolvidos. E a senhorita, senhora, não sei, vem envolver atletas que não estão envolvidas. Se continuar neste caminho, a próxima entrevista coletiva a Gazeta do Povo estará proibida de entrar. Por favor, cale-se então...

Mesmo sem ser atendida, a repórter agradeceu a atenção dada e ouviu uma nova agressão verbal. “Isto não merece agradecimento, merece desculpas”.

O possível envolvimento de Bruno Guimarães foi noticiado por vários veículos de comunicação, após a revelação do caso por parte da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).

O Sindicato dos Jornalistas do Paraná soltou uma nota de repúdio para o ocorrido e disse que a profissional foi "humilhada e hostilizada". "Faltar com respeito e impedir jornalistas de trabalhar, pelo fato de não perguntarem o que querem ouvir, viola o livre exercício profissional", cobrou.

Veja a reação de Mario Celso Petraglia - Reprodução globoesporte.com/parana

Por telefone, a assessoria de comunicação do Athletico disse que a reação de Petraglia à pergunta da Gazeta do Povo foi uma tentativa de proteger seus jogadores. Segundo a assessoria, a questão sobre o Bruno Guimarães já havia sido esclarecida e o presidente do conselho interpretou que poderia haver “segundas intenções” por parte da repórter. O clube ficou de enviar uma resposta por escrito, o que não havia ocorrido até o fechamento desta matéria.

A Gazeta do Povo lamenta a atitude descortês do presidente do Conselho Deliberativo do Athletico, Mario Celso Petraglia. O jornal respeita o direito do dirigente de não responder ao questionamento de um assunto não previsto na coletiva, mas condena o tratamento dado à repórter e a tentativa de intimidação.

Nota de repúdio do Sindicato dos Jornalistas do Paraná

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) repudia com veemência mais um ataque ao livre exercício profissional proferido pelo presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia.

O dirigente humilhou e hostilizou a jornalista Luana Kaseker da Silva Freire, do jornal Gazeta do Povo, durante uma coletiva de imprensa nessa segunda-feira (13), ao mandar a profissional se calar e impedir que ela concluísse uma pergunta. Petraglia também ameaçou não liberar mais a participação do jornal em futuras coletivas do clube.

Mesmo que a coletiva convocada pelo Atlético fosse sobre a situação de doping de atletas, bastava ao presidente dizer que não responderia à questão quando foi questionado sobre a dívida da Arena da Baixada.

A falta de respeito com profissionais da imprensa se tornou corriqueira, mas é lamentável e inaceitável. Impedir jornalistas de trabalhar por não gostar das perguntas feitas viola o livre exercício profissional.

Casos de violência contra jornalistas vêm crescendo muito no Brasil, especialmente quando existem mulheres trabalhando na cobertura esportiva. O setor está entre os que mais registram situações de intimidação, assédio, machismo e agressão. Não podemos permitir que isso continue acontecendo.

O SindijorPR reitera, mais uma vez, sua postura intransigente em defesa do livre exercício profissional e do respeito ao trabalhador jornalista, que exerce ofício tão caro à sociedade democrática.

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