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Veja onde aconteceram as confusões no dia do Atletiba |
Veja onde aconteceram as confusões no dia do Atletiba| Foto:

Perfil

João Henrique era presença certa na Arena

Robson De Lazzari

Um cara tranquilo, apegado à mãe, fanático pelo Atlético e que não perdia um jogo do Rubro-Negro. Esse é o relato que amigos do estudante de Direito João Henrique Vianna, 21 anos, fazem do rapaz morto ontem, em decorrência de um atropelamento por um torcedor rival quando retornava do Couto Pereira para a Arena, na escolta policial aos fãs atleticanos que foram ao Atletiba, no domingo.

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Dia de fúria

O futebol tornou o fim de semana violento em quatro capitais brasileiras. Além de Curitiba (matéria acima), São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre apresentaram confusões relacionadas aos jogos do Brasileiro. Confira:

São Paulo

A estatística da noite de domingo: 28 são-paulinos presos (26 já foram liberados) e 2 corintianos baleados. Resultado do confronto entre as torcidas no centro da cidade – a do Timão voltava do jogo com o Cruzeiro e a do São Paulo comemorava a vitória sobre o Santos, na Vila Belmiro. Um dos feridos foi internado em estado grave, com um tiro no abdômen, enquanto o outro foi atingido no braço. A polícia encontrou três revólveres carregados com os são-paulinos, presos ao tentar se esconder em um estacionamento.

Porto Alegre

Um ônibus que transportava para o Grenal torcedores do Inter de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, para a capital, foi atingido por tiros nas proximidades da rodoviária de Porto Alegre. Apesar do susto, ninguém se feriu. Pouco depois, o mesmo veículo – que carregava uma bandeira do Colorado – foi alvo de pedradas. Os estilhaços do vidro de uma janela machucaram um jovem de 15 anos, que teve de receber atendimento médico. O trecho final do ônibus foi percorrido com escolta.

Rio de Janeiro

O clássico entre Flamengo e Botafogo no Engenhão foi tumultuado por causa dos rubro-negros. Duas torcidas organizadas do Urubu brigaram antes do jogo: primeiro, fora do estádio; depois, dentro. A polícia, que teve bastante trabalho, fez um cordão de isolamento entre as facções, algo comum para separar torcedores adversários. Houve registro de vandalismo em estações de trem e o número de feridos relacionados ao clássico não foi revelado.

Uma morte. Este saldo faz do Atle­tiba do último domingo o mais vi­­olento da década. O estudante de Direito e torcedor do Atlé­tico João Henrique Mendes Xavier Vianna, 21 anos, morreu no final da tarde de ontem, em decorrência de um atropelamento por um torcedor do Coritiba, quando voltava para a Arena depois do jogo.

"A morte do João tem de servir de exemplo para que isso acabe", pediu a tia do rapaz, Cristina Men­des, ao confirmar à reportagem da Gazeta do Povo a morte cerebral do sobrinho. "Ele só está respirando por causa dos aparelhos. O mé­­dico autorizou a doação de ór­­gãos", contou. Minutos depois, os aparelhos foram desligados.

Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre o ve­­­lório. O enterro deve ser amanhã.

Vianna foi um dos dois atleticanos atropelados no domingo, na esquina das ruas Desem­­bar­­gador Westphalen e Engenheiros Re­­bou­­ças, próxima à Arena, por volta das 18h50. Familiares contam que ele e dois amigos voltavam do Atletiba a pé, em meio à escolta da polícia aos atleticanos, quando um Celta preto acelerou, mudou de pista e acertou Vianna e o estudante An­­dré da Silva Zer­bi­­nati, 22 anos.

O incidente foi definido pelo Major Arildo Luís Dias, responsável da Polícia Militar pela estratégia de segurança no dia do clássico, como "uma situação atípica". "Não se pode garantir que o atropelamento foi proposital. Nem que tenha relação com o clássico. Que­­ro crer que se trata de mais um acidente de trânsito", afirmou à re­­portagem, antes da confirmação da morte.

Enquanto Zerbinati teve apenas ferimentos leves, Vianna foi in­­ternado no Hospital do Trabalha­dor, onde entrou em co­­ma. Ao vo­­lante, o estudante de Ad­­minis­tra­ção Krystopher Mar­­tins Salvador Lopes, 20 anos, torcedor do Coriti­ba, que voltava do Atletiba com cinco amigos.

"Ele (Lopes) conta que deparou-se com um grupo de atleticanos e que começaram a provocar. Quan­do o sinal abriu, acelerou e atropelou os rapazes. Foi detido cerca de um quilômetro depois (na esquina das ruas Chile e Nunes Ma­­cha­­do), por um policial militar que viu o acidente e seguiu, de caminhonete, o automóvel", diz delegado do De­­le­­gacia de Delitos de Trânsito (De­­­­de­­tran), Armando Braga.

O condutor demonstrou sinais de embriaguez, mas recusou-se a fazer os testes de bafômetro e de te­­or alcoólico. Está preso no De­­de­­tran, sem direito à fiança. "O Krys­­to­­­pher não fez os testes por entender que era desnecessário. Ele to­­mou um copo de cerveja an­­tes de ir para o estádio, às 13h40. Lá, só to­­­­­mou refrigerante", diz o advogado do motorista, Benedito de Pau­la.

Dirigentes dos dois clubes la­­mentaram a morte. "Nós, coxas, ficamos muito alegres com uma vitória que perde totalmente o brilho com uma notícia dessas", afirmou Tico Fontoura, presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba.

"Para quem tem filhos e netos como eu, só resta lamentar. Um ab­­surdo, profundamente lamentável, um jovem de 21 anos perder a vida da pior maneira possível", reforçou o presidente do Atlético, Mar­­cos Malucelli.

Tumultos envolvendo torcedores ocorreram ao longo do domingo por toda a cidade. Resultaram em 28 ônibus quebrados, R$ 6,3 mil em prejuízos ao patrimônio público. A violência pode fazer com que os clássicos se­­jam assistidos apenas pela torcida do mandante já a partir do ano que vem.

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