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A seleção brasileira de ginástica dos saltos impossíveis de Daiane dos Santos, da precisão de Daniele Hypólito e da regularidade de Camila Comin também será, a partir de agora, a equipe do "País tropical", da "Aquarela do Brasil" e da "Cidade Maravilhosa". As seis principais ginastas do país estréiam hoje, às 10 horas, no Teatro Guaíra, suas novas coreografias para exercícios de solo, todas embaladas por ritmos e composições nacionais.

Por trás da mudança, um misto de marketing e criação de uma identidade da equipe. O objetivo é fazer com que canções populares se transformem em sinônimo de ginástica dentro do Brasil e da equipe brasileira nas competições internacionais, em uma seqüência do sucesso da versão samba/ tecno/ capoeira de "Brasileirinho", de Waldir Azevedo, que marcou o ritmo da apresentação de Daiane na Olimpíada de Atenas, em 2004.

"A gente quer gravar essas músicas na cabeça das pessoas como sinônimo de ginástica. Queremos que, quando alguém ouvir essas canções, diga: ‘Não é a música daquela menininha da ginástica?’", explica a campeã mundial de solo.

Para aumentar o impacto da mudança, a apresentação das novas coreografias foi cuidadosamente planejada para ser um evento grandioso. A exibição terá transmissão ao vivo pela tevê e, ao invés do Centro de Treinamento da seleção, em Curitiba, ou algum ginásio pelo país, o lugar escolhido para o show foi o palco do Teatro Guaíra.

"Escolhemos o Guaíra para ser diferente e mostrar a ligação que a ginástica tem com as demais artes, como o balé, a música, a dança", afirma a coordenadora da seleção, Eliane Martins.

Outro ingrediente para aumentar a importância do evento foi o mistério. A escolha da sucessora de "Brasileirinho" transformou-se em segredo de estado na Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Nem mesmo Daiane dos Santos participou da montagem da nova trilha.

A estratégia deu parcialmente certo. Ao mesmo tempo que a informação de que "País tropical", de Jorge Benjor, seria a nova música utilizada de Daiane, não vazou para a imprensa – grande temor da Confederação –, a decisão de excluir a ginasta do processo de criação da trilha-sonora vai fazer com que a apresentação de hoje seja apenas um esboço do que a atleta deve levar para as próximas competições internacionais.

Daiane reprovou alguns arranjos da música – que sofreu um processo de desconstrução e remontagem para caber nos 90 segundos de exibição – e movimentos da coreografia. "A música ainda não está pronta, tem algumas coisas erradas. Falta cuíca, samba, frevo, pandeiro, coisas que mostrem, realmente, o país tropical", analisa a ginasta, que ontem passou alguns minutos se queixando da série com a coreógrafa da seleção, Nadjia Ostapenko. Além da ausência de ritmos nacionais – a base do arranjo é eletrônica –, ela reclamou de alguns movimentos.

Por isso a trilha voltará para estúdio após o evento de hoje. Depois que a música ficar pronta, a tarefa será preparar uma nova coreografia.

As mudanças devem adiar a estréia oficial de "País tropical" para o ano que vem. Até lá, Daiane deve continuar utilizando "Brasileirinho". Inclusive no Campeonato Mundial da Austrália, em novembro, onde ela vai defender o título no solo.

"Não adianta estrear uma coreografia meia-boca só por ansiedade. Por enquanto o ‘Brasileirinho’ ainda é mais seguro", diz a ginasta.

* Apresentação das novas coreografias da seleção brasileira de ginástica, às 10 horas, na Globo/ RPC.

* Serviço: Os ingressos para a apresentação estão esgotados.

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