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Banqueiros, assim como magistrados, agentes funerários e árbitros de futebol, costumam se mostrar circunspectos em público e raramente se permitem exibições de entusiasmo. São em geral conservadores e pouco inclinados a ações audaciosas. Suas palavras são, quase sempre, reveladoras de extrema cautela, e poucas coisas mundanas parecem comovê-los.

Esse estereótipo foi aplicado no futebol quando a solidão do juiz do jogo só era comparada a do narrador isolado na cabine de rádio com a obrigação de transmitir os fatos com emoção, correção e, sobretudo, isenção.

De todos os envolvidos no processo futebolístico o personagem mais exposto, sujeito a crítica e com maior potencial de desagradar gregos, romanos e baianos é o árbitro. E, ultimamente, Sua Senhoria conta com a interferência direta de dois auxiliares nas laterais – os bravos bandeirinhas –; dois juízes de fundo; um chamado quarto árbitro para qualquer eventualidade tais como disenteria, torção ou mal estar em geral; e, não raras vezes, de um observador em qualquer ponto do estádio com direito a pitaco através do foninho estrategicamente colocado em algum lugar do aparelho auditivo do solene "homem de preto". Isso é negado por todos os dirigentes de arbitragens, inclusive da Fifa, mas tornou-se praticamente impossível crer na não intervenção externa diante de tantas confusões nos últimos tempos.

Basta recordar o polêmico pênalti assinalado a favor do Corinthians contra o Coritiba, quando o árbitro estava posicionado de frente para o lance e apitou com absoluta convicção uma falta inexistente. Tomada a decisão, mesmo que de forma equivocada, deveria manter a autoridade e não ir consultar o árbitro de fundo, muito mais distante do lance, já que se encontrava do outro lado da trave e sem a mesma visão frontal, o qual reverteu a marcação, para desespero dos corintianos e alívio dos coxas-brancas.

Pela queda do nível técnico dos elementos formados pelas escolinhas das federações estaduais, pelas inúmeras mudanças de interpretação nas regras do jogo e, sobretudo, pelos olhos eletrônicos espalhados por todos os cantos do campo de futebol, os árbitros ficaram inseguros e as arbitragens estão sob ataque.

Analistas, dirigentes, jogadores, torcedores, enfim todo o universo humano do futebol perdeu o respeito pelos apitadores e, como se sabe, sem autoridade torna-se praticamente impossível tomar decisões e impor-se em qualquer situação. Ainda mais durante um jogo de futebol onde todas as paixões e emoções afloram de maneira desordenada e absolutamente incontida.

Se quiserem melhores jogos, salvem as arbitragens com a reciclagem dos departamentos estaduais especializados, recuperação das escolinhas e profissionalização dos homens encarregados de conduzir o espetáculo com lisura e boa técnica.

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