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O futuro também tem um passado. Quando vemos um filme de ficção científica de décadas atrás, o ar retrô das roupas, do design dos robôs e naves espaciais, e do próprio comportamento dos astronautas salta à vista. Até as supostas fotos de UFOs ilustram o estilo de sua época e as especulações científicas nem sempre previram corretamente o que vinha pela frente, mas tiveram muito a dizer sobre os valores e as crenças de sua própria época.

Os discos voadores dos anos 50 pareciam, ou eram mesmo, calotas de Cadillacs e caixas de aspiradores daquele tempo. Os mais recentes atestam que os cromados saíram de moda também no espaço interestelar.

No fim do século 19, a ciência e a tecnologia eram representadas por engenhocas pesadas e fumegantes, através das obras mais conhecidas de Julio Verne, todas repletas de máquinas às vezes surpreendentemente proféticas, mas também curiosamente antiquadas. Como em "Vinte Mil Léguas Submarinas": só 80 anos depois os submarinos nucleares reais igualariam a capacidade de submersão e navegação da criação do capitão Nemo.

O futuro, para a visão do homem do século 19, era a ampliação de um presente em que o progresso se media por toneladas de aço e carvão. Verne imaginou navios a vapor de quilômetros de comprimento e um canhão de 270 metros, capaz de disparar uma bala com a qual seus heróis se adiantariam mais de cem anos. Na vida real, entretanto, teriam sido reduzidos a pó.

Quando o genial francês vai além das viagens fantásticas para antecipar o futuro da sociedade, como em "Paris no Século XX", a mistura de profecia e anacronismo é ainda mais deliciosa. De qualquer forma, passado e futuro se misturam quando vemos as imagens de alguns jogos dos campeonatos estaduais em andamento. Outro dia, assistindo a uma partida do Coritiba em Cianorte, observando a singeleza e o bucolismo do estádio, lembrei- me imediatamente daqueles filmes de ficção da RKO ou Republic, com o planeta Terra pendurado por um fio, sendo atacado por um foguete que soltava mais chabu do que os antigos fogos Caramuru.

No jogo do Fluminense, pela Libertadores, em Caracas, não foi diferente: gramado em péssimo estado e bastante irregular para o torneio continental equivalente a Liga dos Campeões. Isso, depois de ter assistido o maravilhoso empate entre Real Madrid e Manchester United, no tapete do Estádio Santiago Bernabéu.

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