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A Copa do Mundo no Bra­­sil tem trazido mais do­­res de cabeça, dúvidas e preocupações do que se poderia imaginar na época em que o país disputou o direito de realizar o megaevento.

Em um primeiro momento, Ricardo Teixeira usou o prestígio do ex-sogro, João Havelange, bruxo internacional que ungiu Joseph Blatter, secretário da Fifa, como seu sucessor na presidência. Depois, sensibilizou o presidente Lula, o qual foi à luta e ga­­nhou a parada.

O tempo passou, misturou-se o interesse público com o privado e, nesta altura, o que mais se observa é a timidez dos prometidos investimentos particulares com o avanço no dinheiro do governo.

A Copa de 2014 poderá divertir muita gente durante um mês e, sobretudo, dar lucro para diversas empresas, rede hoteleira, restaurantes, comércio, etc. Porém alguns poucos vão comemorar durante muitos anos os lucros auferidos com a construção dos estádios e obras públicas de infraestrutura e logística nas doze sedes escolhidas.

Assistimos a repetição da política criada pelos antigos romanos, que ofereciam ao povo comida e diversão, com o objetivo de diminuir a insatisfação contra os governantes. Era a política do pão e circo.

O poeta satírico Juvenal definiu a fórmula da política populista romana como panem et circenses. Ela pode, de certa forma, ser aplicada ao Brasil dos nossos dias com a criação de bolsas de ajuda às famílias carentes e a candidatura do país à Copa de 2014 e à Olim­­píada de 2016.

Entre frases de efeito e muitos planos – trens-bala, metrôs, aeroportos modernos, segurança pública plena e outras promessas que dificilmente serão cumpridas dentro dos prazos –, o preço do empreendimento bate em R$ 33 bilhões.

Por enquanto poucas autoridades podem garantir que o volume de investimento em infraestrutura beneficiará o povo de forma permanente. O único legado garantido é o endividamento público.

A construção de novos estádios em cidades com pouco apelo e retorno comercial futebolístico, como Brasília, Natal, Manaus e Cuiabá, está estimada em R$ 6 bilhões, dinheiro que, obviamente, poderia ser gasto na recuperação de hospitais, escolas, estradas e tantas outras históricas deficiências no atendimento à população. Ninguém sabe dizer como esses estádios serão sustentados após o encerramento da Copa.

O governo brasileiro ensaiou um gesto de resistência a algumas imposições contidas no caderno de encargos da Fifa – como a meia-entrada para estudantes e idosos, combate à pirataria de produtos oficiais e venda de bebidas alcoólicas nos estádios, entre outras – e teve de recuar.

Estava tudo combinado quando o Brasil aceitou as regras do caderno de encargos da entidade do futebol mundial para sediar a festa. E, como se sabe, o que foi combinado não é caro.

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