• Carregando...

O jogo bonito une Brasil e Holanda. Aqui, futebol só serve se for arte; lá, presta apenas se for total. Atacar é item obrigatório quando as duas seleções entram em campo. Tradição construída pelos cinco títulos brasileiros e por uma das maiores injustiças da história das Copas, o vice-campeonato holandês em 1974.

Talvez por se aproximar tanto da essência do nosso estilo, o futebol holandês é extremamente admirado no Brasil, especialmente por nós, jornalistas. A cada quatro anos, a Holanda é cotada como forte candidata a ampliar o grupo dos campeões mundiais e a encantar no torneio. Como as três primeiras semanas de Copa apresentaram uma Laranja pouco inspirada, embora vencedora, surgiu uma nova versão: eles aprenderam a ganhar com pragmatismo, sem correr riscos.

Meia-verdade. A série invicta holandesa de 23 jogos, base da crença de que dessa vez vai, foi construída sobre equipes do segundo escalão europeu para baixo, vide Escócia, Noruega, Dinamarca e Eslováquia. Os dois únicos campeões a constarem da série, Itália e Inglaterra, arrancaram empates da Holanda.

O avanço inabalável em gramados sul-africanos também acaba na página 2. Não dá para dizer que uma equipe que levou bola do Japão na trave nos minutos finais e permitiu chances reais de empate à Eslováquia classificou-se sem sustos, com um sistema 100% sólido. A Holanda de hoje tem problemas do Brasil de ontem: o meio de campo e o ataque são de tirar o fôlego; a defesa e o goleiro, de prender a respiração.

Curioso que a mesma complacência não se aplica ao Brasil. Ao colocar a busca pelo resultado à frente do espetáculo, Dunga tornou-se um pária nacional. E quem escreve aqui é um crítico de primeira viagem do dunguismo. Sempre fui contra sua escolha como técnico da seleção e considero que seu trabalho se equilibra sobre uma linha extremamente tênue, que se rompe facilmente com a ausência de peças-chave como Kaká, Robinho e até Elano.

Mas é inegável que o Brasil de hoje é muito mais confiável que a Holanda. Se repetir os erros defensivos da sua caminhada até aqui – e Michel Bastos não for engolido por Robben –, a Laranja será presa fácil para a eficiência implacável da seleção. Simplesmente porque o maldito Brasil é melhor que a bela Holanda. Pelo menos até a bola rolar em Port Elizabeth.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]