• Carregando...

Aplaudir 0 a 0 vai contra a natureza do futebol. É como se contentar com as preliminares, por mais calorosas que sejam. Nos dois casos falta o gol para tornar a experiência completa. Mas há alguns 0 a 0 que valem a pena, pela tensão mantida durante os 90 minutos, pelo suspense que só uma sucessão de ataques dos dois lados é capaz de proporcionar. O Paratiba de ontem teve essa característica, especialmente no segundo tempo.

O clássico começou com o roteiro previsto, um jogo de ataque contra defesa. Os números do primeiro tempo impressionam. O Cori­tiba teve 78% de posse de bola, 14 escanteios. Mas no número em que realmente valia ficar o frente, o de gols, o Coxa falhou. Primeiro porque a quase dezena e meia de escanteios foi rebatida magistralmente por Alessandro Lopes, Luiz Henrique e Irineu; ora cortando diretamente, ora usando o corpo para não deixar o adversário chegar na bola. Mérito também de Juninho, que joga junto, orientando, brigando, incendiando o time.

O defeito mais marcante do Coritiba, contudo, foi o buraco entre o meio de campo e o ataque. Um lance é simbólico: 15 minutos, Juninho chuta a bola para o ataque, Léo Gago domina e há um espaço de 30 metros entre ele e o trio Enrico, Rafinha e Leonardo. Impossível fazer gol assim. Ainda mais porque o Paraná marcava com sete da intermediária para trás e Rodrigo Pimpão dava trabalho na frente, embora fosse exército de um homem só. Jogar com Wanderson e Wiliam é jogar com nove, quando não é enfrentar 13.

Ney Franco corrigiu o problema logo no início do segundo tempo. Pôs Marcos Aurélio, encurtou a distância entre os atacantes. O Coxa voltou a trocar passes em velocidade, dominou como em nenhum outro momento da partida. Até Roberto Cavalo fazer a "loucura" que por pouco não transformou uma derrota aparentemente inevitável em vitória heroica.

Ao colocar Kelvin na ala esquerda, o alvo do treinador era barrar as subidas de Rafinha. Acertou na mosca. Tirou o Coritiba do seu pescoço, pôs o Paraná no jogo, deu início à sucessão de ataques de lado e lado que fazem um 0 a 0 valer a pena.

Kelvin precisou de apenas 28 minutos para ser o melhor em campo. Por pouco não decidiu o jogo, em um chute que passou raspando a trave esquerda de Edson Bastos. Seria histórico. O Paraná não vence o Coritiba no Couto Pereira desde 1996. Lá, um garoto da base saiu do banco para decidir a partida nos acréscimos. Era Ricardinho. Ontem, Kelvin quase reescreveu a história.

Para o Atlético vencer o Flu­mi­nense hoje, é fundamental pa­­rar Con­ca. Santos e Cruzeiro, dois times a vencerem o Flu recentemente, começaram a ganhar ao dominar o argentino. Também é fundamental Bruno Mineiro funcionar. O campeonato chegou a um ponto em que não dá mais para recuperar pontos perdidos.

Tostão está de férias até o dia 31/10. Leonardo Mendes Júnior é jornalista, editor da revista ESPN e do blog bolanocorpo.com

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]