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O Coritiba tem feito bons jogos na série mais dura do Brasileirão. Teve as mesmas virtudes – marcação forte no meio, velocidade no ataque. E teve os mesmos defeitos – gols perdidos e desatenção defensiva em lances cruciais. A diferença está no resultado. O ponto em São Januário é precioso, mas é impossível deixar de pensar que o Coxa poderia ter vencido o Vasco. Domingo, contra o Cruzeiro, terá pela frente um adversário que também gosta mais da marcação. Por jogar em casa, o Coritiba terá a obrigação de tomar a iniciativa. Que o empate de ontem dê a coragem para isso.

Resita, Ricardinho

Os times em que Ricardinho melhor jogou tinham uma característica em comum. O Paraná do surgimento, o Corinthians do auge e o Santos da retomada gostavam de ter a bola no pé, buscar o jogo, tomar a iniciativa mesmo fora de casa. Onde Ricardinho mais venceu como jogador foi atacando o adversário sem trégua. Natural que na sua primeira expe­riência como treinador o caminho usado para vencer seja jogar no ataque sempre. E assim ele já é a grande revelação como treinador do futebol brasileiro em 2012.

Partindo desse princípio, Ricardinho sempre dá um jeito de escalar os melhores jogadores. E no elenco paranista os melhores – salvo o excelente Alex Alves, os bons Anderson e Luís Carlos – estão do meio pra frente. O resultado é um time naturalmente ofensivo. Essa ofensividade natural fez o Tricolor passar o trator na Segundinha, ir mais longe do que o esperado na Copa do Brasil e se fixar na primeira metade da tabela da Segundona, quase sempre jogando bem – mesmo fora de casa, mesmo na derrota.

Houve exceções. Uma delas foi a derrota por 2 a 0 para o Ipatinga, que fez Ricardinho admitir a possibilidade de mudar o estilo de jogo. Leia-se: trocar Wellington ou Luisinho por Ricardo Conceição, em princípio para as partidas como visitante. Conceição marca melhor, mas mesmo assim o time perde. Se sair Wellington, diminui a capacidade de manter a bola no pé. Se sair Luisinho, perde velocidade. Nos dois casos, aumenta a chance de a bola ficar no pé do adversário. E, consequentemente, aumenta o risco de tomar gol.

A irritação de Ricardinho é legítima. Implícito ou explícito, há um pacto claro quando um treinador escala tantos jogadores ofensivos. Para o time dar certo e ganhar crédito, todos precisam se doar um pouco na marcação. Na Vila, esse pacto é cumprido fielmente. Em Ipatinga, foi ignorado.

Torço apenas para que Ricardinho não tenha perdido a dimensão do que seu time fez até o momento. A reação imediata diante de derrotas como a de terça-feira, que não deixam o time colar no G4, é achar que a escalação "faceira" demais impede o Paraná de ganhar certos jogos. O que não pode é esquecer que o Paraná só passou de candidato ao rebaixamento a postulante ao acesso exatamente por causa dessa ofensividade.

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