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Empresto a teoria do camarada Luís Augusto Símon, melhor texto do jornalismo esportivo brasileiro. Diz o Menon que ser torcedor hoje em dia é difícil. Antes, para ganhar uma discussão na mesa do bar bastava o seu time ser melhor que o rival, ter mais craques. Atualmente, é preciso entender profundamente de tática, saber a medida em hectares do CT do seu clube e ter noções de marketing, gestão, contratos de tevê, contabilidade, medicina e direito esportivo. No futebol paranaense ainda vai bem conhecimento básico da legislação sobre uso de potencial construtivo.

O futebol movimenta muito dinheiro, então é natural que abrace outras áreas. Natural e positivo, pois exige uma qualificação maior de quem trabalha com ele. Há, porém, um lado ruim. O excesso de fatores extracampo está matando a essência do jogo. O gol já é quase um detalhe.

A culpa dessa transformação é compartilhada. Clubes, em nome do negócio, restringem cada vez mais o acesso aos jogadores. Quando oferecem alguma abertura, entregam um produto pasteurizado, mais sem sal que comida de hospital. Nem percebem, mas matam boas possibilidades de ganhar dinheiro. Atletas que realmente atraem legiões de fãs e patrocinadores endinheirados ou têm um desempenho acima da média ou têm um comportamento que foge do lugar comum. Ou seja, aquele jogador mediano, bom moço, de falas ensaiadas não serve nem para vender laxante.

Sem a opção do contato diário, veículos de imprensa se vêm obrigados a escarafunchar os bastidores dos clubes ou reduzir o espaço no noticiário. Nos dois cenários, embora ainda não tenha percebido, os dirigentes saem perdendo. Seja porque têm suas mazelas levadas a público, seja pela redução da dita "exposição da marca".

Ainda há dois caminhos para os veículos de comunicação: repetir bovinamente o material distribuído pelas assessorias ou fazer um esforço de reportagem para furar o bloqueio oficial. A primeira hipótese é assumir a morte do jornalismo. A segunda é deixada de lado por (boa?) parte da imprensa, pois exige esforço e reportagem, o que dá muito trabalho.

Vagando por essa terra em transição permanente fica o torcedor. Louco para saber como seu time vai jogar, mas bombardeado por informações sobre como ele é administrado. Alex é um ótimo chamariz para vender plano de sócios, mas é melhor ainda batendo falta. Paulo Baier tem o perfil para alavancar qualquer estratégia de marketing do Atlético, mas ainda é mais confiável entrando no segundo tempo. Fatiar Alex Alves e Luisinho dá fôlego financeiro ao Paraná, mas o torcedor prefere ficar sem ar de tanto comemorar vitórias asseguradas por eles.

Então, nesse 2013 que começa hoje para a coluna, sem esquecer a importante movimentação extracampo, desejo aos torcedores um pouco mais de bola. O futebol e os papos de bar agradecem.

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