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Johannesburgo - Contra a Tanzânia, Ramires entrou no segundo tempo e fez o que faz bem, que é, com suas pernas finas e movimentos rápidos, aparecer de surpresa na área para fazer gols e confundir os zagueiros. Se jogasse mais adiantado, como um meia, isso não aconteceria, já que seria muito mais marcado.

Mas não se entusiasmem. O jogo contra a Tanzânia não serve de pa­­râmetro. Como armador, Ra­­mires é confuso, erra muitos passes e perde, com frequência, a bola. Perde e recupera. Ele é rápido, antecipa e desarma bem.

Depois que Felipe Melo en­­trou, melhorou a saída de bola, menos nos dois amistosos. Mas ele dá o pas­­se e fica. Não tem velocidade, mo­­bilidade nem habilidade para avançar.

Como o Brasil costuma marcar atrás para contra-atacar, como fez em seus melhores momentos, Felipe Melo e Gilberto Silva são eficientes. Mas é pouco. Se avançar a marcação, principalmente contra equipes mais fracas, poderá precisar de armadores mais leves, como Ramires, Daniel Alves e Josué.

Todos os reservas, mesmo com ca­­racterísticas diferentes, atuam nas posições dos titulares. Não há va­­­­riação tática. Uma seria jogar com dois meias (Robinho e Kaká) e dois atacantes (Luís Fabiano e Nil­­mar). Outra atuar com um meia (Ka­­­­ká) e três na frente (Luís Fabiano, pe­­lo centro, e Robinho e Nilmar, pe­­los lados). Nas duas situações, sai­­riam Elano ou um dos dois volantes.

A dúvida é se Dunga terá sensibilidade e flexibilidade para mudar o time, na hora certa, seja colocando um jogador da mesma posição com características diferentes, como tem feito, ou alterar o esquema, o que nunca faz.

É uma ilusão achar que, para ser um ótimo técnico, basta ter muitos conhecimentos técnicos e táticos, dar bons treinos e ser um eficiente comandante. O grande treinador é o que sabe também observar e, na hora certa, sair da mesmice, utilizando a intuição (conhecimentos inconscientes), como fazia Felipão. Técnico de talento também improvisa.

Em todas as atividades, existe um saber que antecede ao raciocínio lógico. Como a pessoa sabe? Sabendo. Sabe, porém não sabe que sabe. Faz e depois analisa porque fez. "As coisas não têm explicação, têm existência" (Fernando Pessoa). Muitas vezes, o significado é posterior ao fato.

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