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Felisvino Ledesma acompanhou o jogo do Uruguai contra a Inglaterra perto do Itaquerão | Rafael Valente / Folhapress
Felisvino Ledesma acompanhou o jogo do Uruguai contra a Inglaterra perto do Itaquerão| Foto: Rafael Valente / Folhapress

Aos 58 anos, o uruguaio Felisvino Ledesma conserva um hábito nada comum entre torcedores apaixonados por futebol. Ele compra ingressos de jogos importantes, mas não entra nos estádios. O motivo? Não gosta de ter sua coleção de ingressos originais "danificada".

Ledesma fez isso na atual Copa do Mundo. Comprou nove ingressos, incluindo a abertura e a final - as partidas mais concorridas na etapa de vendas. E não vai assistir a nenhum. Também fez isso na última edição da Copa das Confederações. Ficou do lado de fora do Maracanã, no Rio, durante a final entre Brasil e Espanha.

O motivo de não entrar no estádio é que ele gosta de conservar os ingressos inteiros, isso é, sem que uma parte seja cortada ao passar pela vistoria do estádio, como é hábito mundialmente.

"Não posso desfalcar minha coleção. Deixei meus ingressos dessa Copa em Montevidéu para ninguém roubá-los e viajei ao Brasil só para ficar na porta dos estádios", disse Ledesma à reportagem na manhã desta quinta (19), antes de Uruguai x Inglaterra, no Itaquerão, em São Paulo.

Para os que duvidam da história, Ledesma mostra fotos e imagens dos seus ingressos. Mas é preciso paciência. Conversar com ele não é uma tarefa fácil. A todo momento ele é abordado por alguém e recebe pedidos para tirar fotos.

A coleção de Ledesma não se resume apenas aos jogos que comprou. Ele faz um trabalho intenso de "arqueologia" para conseguir ingressos raros. Tem entradas de quase todas as finais de Copas, exceto dos torneios de 1934 (Itália) e 1938 (França).

"Desde os sete anos tenho esse costume. Comprar ingressos de jogos que gostaria de ver ou comprar ingressos de jogos que já aconteceram. As pessoas não entendem, mas a minha emoção é obtida dessa forma", afirmou Ledesma, que é conhecido como "o torcedor número 1 do Uruguai".

Nascido em Tacuarembó em 1956, vive atualmente em Montevidéu, mas tem os estádios como segunda casa. Trabalhou durante boa parte da vida em indústrias de tecido, mas foi aposentado por invalidez e desde então vive com uma pensão de quase R$ 3,5 mil mensais.

O torcedor uruguaio não é excêntrico apenas pelo hábito de comprar ingressos e não ver os jogos. Ledesma chama a atenção pelas vestimentas adotadas.

Com um sombreiro mexicano, a bandeira do Uruguai nas costas, um cachecol com as cores de seu país e sandálias, Ledesma carrega cartazes pelo corpo e duas bolas - a Brazuca, da Copa de 2014 - e uma que lembra a bola usada em 1950, quando o Uruguai derrotou o Brasil e foi bicampeão mundial.

Os cartazes presos ao corpo de Nino, como é conhecido o torcedor uruguaio, apresentam imagens dos ingressos da sua coleção. Alguns até são originais. Há também fotos. Três delas são históricas para o uruguaio. Ledesma está com Pelé, Maradona e Schiaffino. A sequência é chamada por ele de "Nino e las estrellas".

Sobre o desempenho do Uruguai na Copa do Mundo, Ledesma não mostra muita empolgação."Perdemos para Costa Rica [3 a 1] na estreia e não jogamos nada. Difícil imaginar uma vitória contra Inglaterra e Itália, que são duas potencias e estão mais preparadas. Acho que a Copa do Uruguai termina hoje [quinta], uma pena", disse Ledesma, sem tirar o sorriso do rosto.

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