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Krüger em recuperação do acidente que por pouco não lhe custou a vida.
Krüger em recuperação do acidente que por pouco não lhe custou a vida.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

No dia 11 de abril de 1970, há 50 anos, um acidente dentro de campo marcou o futebol paranaense, especialmente o Coritiba. Maior ídolo do clube, Dirceu Krüger, o Flecha Loira, ficou entre a vida e a morte. Chegou a receber a extrema-unção de um padre.

Naquele sábado, coincidentemente aniversário de 25 anos do ex-jogador, ocorreu uma partida entre o Coxa e o Água Verde. No lance, Krüger, que se destacava pela velocidade, ficou frente a frente com o goleiro Leopoldo, dominou no peito e tocou por cima do arqueiro, aos nove minutos do primeiro tempo. Porém, foi atingido pelo adversário na região do estômago.

Resultado, segundo o laudo médico da época: “ruptura traumática no mesentério, nas alças intestinais e no cólon, com hemorragias internas”.

Arquivo/Gazeta do Povo
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“O lance foi muito violento, você não vê algo assim no futebol normalmente. No mínimo o goleiro foi descuidado”, avalia o pesquisador da história do Coritiba, do grupo Helênicos, Guilherme Straube. “Além disso, a medicina dentro de campo na época era ridícula e não ajudou na situação”, acrescenta.

Em entrevista em 2006 para os Helênicos, o próprio Krüger falou sobre aquele período internado no Hospital Cajuru. “Foram quase setenta dias hospitalizado, sob os cuidados do doutor Bezed Nassif Júnior, chefe da equipe médica. Havia romaria de torcedores do Coxa no Hospital. Eles passavam o dia rezando por mim”, relatou o ex-jogador.

“Até o presidente do Athletico, doutor Lauro Rego Barros, mandou rezar missa pela minha recuperação. Aliás, em um momento tão difícil para mim e minha família, recebi como presente inestimável o afeto e o apoio do povo curitibano, que me deu forças para voltar a jogar futebol”, acrescentou na ocasião o jogador.

Nos primeiros dias a situação era tão grave que um padre foi dar a extrema-unção ao jogador, algo feito quando as pessoas estão prestes a morrer.

  • Os pais do atleta. Arquivo/Gazeta do Povo
  • A mãe do jogador. Arquivo/Gazeta do Povo
  • Arquivo/Gazeta do Povo

Porém, o Flecha se recuperou. No final de 1970 já estava nos campos novamente, mas sem nunca mais ser aquele jogador que era antes do acidente, sendo obrigado a jogar com uma cinta elástica. Mesmo assim, foi fundamental na conquista do Estadual de 1972, o que gerou até uma brincadeira do seu médico na época, o atleticano Nassif Júnior, que reclamou da “contra-partida” após a situação de saúde limítrofe.

O Flecha Loira recebe a visita do presidente do Coritiba, Evangelino Neves. Arquivo/Gazeta do Povo
O Flecha Loira recebe a visita do presidente do Coritiba, Evangelino Neves. Arquivo/Gazeta do Povo

“O Krüger já era ídolo antes do acidente, com gols nas oito primeiras partidas que disputou pelo clube, e voltou como uma figura ainda maior. Porém, ele nunca poderia ter voltado a jogar, era muito arriscado. Sem contar que os medicamentos prejudicaram a visão dele”, conta Straube.

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Em 1975, após um toque leve de um adversário no local da cirurgia, o então jogador sentiu tanta dor que percebeu que precisava se aposentar com apenas 30 anos.

“Percebi aquele dia que, desde 1970, colocava minha vida em risco cada vez que jogava ou treinava”, admitiu na sequência o próprio Flecha Loira.

Depois disso Krüger trabalhou no Coritiba por mais 43 anos, seja nas categorias de base, ou como auxiliar-técnico ou treinador. Uma idolatria que só cresceu com o passar dos anos e gerou até uma estátua na entrada do estádio. O ídolo faleceu dia 29 de abril de 2019, aos 74 anos, justamente por causa de um problema intestinal.

Arquivo Gazeta do Povo
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