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Cambará – Já faz 15 minutos que Fabiano está sentado alongando a panturrilha direita. O zelo inesperado com a musculatura para um garoto de 17 anos, natural de Andirá, recém-chegado ao juvenil do Matsubara logo é desmascarado. Toda a atenção do jovem está voltada para a máquina fotográfica da reportagem, que procura imagens que ilustrem a inusitada ponte aérea Cambará – Vietnã. Calado, ele não tira os olhos da lente.

Até aqui não dá para saber se Fabiano é realmente uma promessa ou apenas mais um que não vai virar profissional. A segunda hipótese parece mais provável quando Shigueo Matsubara, à procura de bons personagens para a matéria, passa batido pelo menino, olha para todos os lados à procura de alguém. Não acha, e é com Fabiano que estamos falando. De seus sonhos e de sua vida, mais uma história que tem um começo, mas que ainda não se sabe o fim.

O pai é mecânico, ganha um salário mínimo e com isso sustenta a família – Fabiano, a mulher e mais um filho. O primeiro desejo do jovem jogador é arranjar logo um clube para poder ajudar a família. "Quero ser alguém na vida, crescer", fala, olhando para baixo.

Ele está atento às idas e vindas de jogadores ao Vietnã. Embora não faça a mínima idéia de onde fica o país, diz que não teria problema algum em se mandar para lá também – ou para qualquer outro lugar. Um salário de R$ 2 mil, por exemplo, o seduz.

Quando fica desanimado, a única coisa que lembra é dos amigos que a todo momento deixam o Matsubara com um destino que faz os olhos do garoto brilharem ainda mais: Flamengo, Fluminense, Grêmio, Inter... Há dois anos no clube, ele ainda não teve a mesma chance.

É no almoço com Shigueo que surge o restante da história. Depois de um ano treinando no clube, Fabiano esteve prestes a ser mandado embora. Não evoluía e o dirigente chegou mesmo a dispensá-lo.

"A amizade fica, mas você não está dando retorno", disse Shigueo. Mas o garoto não desisitiu. Pediu uma última chance, ganhou, e de lá pra cá se tornou uma aposta do clube. "Ele cresceu muito. É um zagueiro canhoto, difícil de se encontrar. Forte. Ia fazer uma besteira", admite o empresário.

Fabiano ainda nem sabe disso.

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