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1.º de agosto de 1985. De repente, estava no Maracanã realizando um sonho de torcedor fanático com a conquista do primeiro Campeonato Brasileiro do Coritiba. Futebol é paixão. Não sei se lúcida. Na política, aprende-se muito na divergência e com tolerância. Mas no futebol, não tem jeito. Não tem meio-termo. O Coxa foi do céu para o inferno.

Minha geração acostumou mal. As décadas de 70 e 80 foram de muitos títulos com jogadores que marcaram época. Jairo, Cláudio Marques, Nilo, Hidalgo, Aladim, Krüger, Zé Roberto, Rafael, Tostão, Lela, Abatiá, Dirceu. Sou de uma família com forte amor ao futebol. Um tio de meu avô foi o primeiro presidente do Savóia. Por parte de mãe, meu avô era torcedor do América e meu bisavô paterno foi presidente do Coritiba no primeiro campeonato, em 1916. Mas futebol não é só tradição. Ninguém se conforma só com a história. Uma das "instituições" mais exigidas. Todos querem mais. Cada brasileiro é um técnico.

Essa breve história é para ajudar a entender os extremos: do céu para o inferno. Tudo bem que a Segunda Divisão tem times bons, campeonato equilibrado, mas não dava mais para agüentar aquele colega que na segunda cedo já tinha uma piada. Melhor não lembrá-las. Esta purgação valoriza ainda mais o retorno.

O clube expiou muito de seus pecados e isso permite vibrar e comemorar mais o merecido retorno. Mas o que importa é a visão do Coritiba superando sua história, na Série A e criando novos sonhos, como a disputa de campeonatos internacionais. É um presente à nova geração, que testemunhou seus pais e tios xingando no estádio, lembrando grandes jogos, aprendendo a torcer.

É algo atávico. Só a psicanálise para explicar e um antropólogo para entender essa dimensão. Consegui assistir à alguns jogos e foi impressionante ouvir a torcida: "Sai do chão, sai do chão, a torcida do Verdão". Meu pai e avós já não estão aqui. Mas é um reencontro com a memória de estar com eles nos jogos, ou colado no rádio, ou em frente da televisão. Reencontro com a memória de um anônimo torcedor que um dia invadiu o Maracanã. Que ousadia para um piá. Um encontro da nova geração com a conquista num país de tantos maus exemplos e decepções. Parabéns Coritiba, René Simões e jogadores. Que este seja o futebol do Paraná. Grandes times. Grandes torcedores!

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