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Maurício Neves, à frente de um Touareg, realiza um sonho no Rally dos Sertões | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Maurício Neves, à frente de um Touareg, realiza um sonho no Rally dos Sertões| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Touareg na ponta

Os curitibanos Maurício Neves e Eduardo Bampi não decepcionaram na 1ª etapa do Rally dos Sertões, disputada ontem entre Goiânia e Santa Helena. Após os 256 km de especial cronometrada, eles ficaram com a 2ª posição, com o tempo de 2h34min03. À frente deles apenas outro carro da Touareg. Nasser Al-Attiyah e Timo Gottschalk terminaram o percurso quatro minutos antes dos brasileiros. A equipe alemã ainda teve o terceiro lugar com a dupla Carlos Sainz/ Lucas Cruz.

"O primeiro dia não foi nada fácil. Pegamos trechos perigosos. Largamos em décimo e ultrapassamos seis carros", falou Nasser, piloto do Qatar. "A estreia foi muito boa e a especial estava uma delícia de andar", comemorou Bampi, que ainda não se acertou completamente com o equipamento da equipe. Hoje, eles encaram 334 quilômetros cronometrados até Cidade de Goiás.

Da Redação

Goiânia - "É um sonho. No ano passado eu estava tirando fotos desses carros e agora vocês estão tirando do meu." As palavras do piloto Maurício Neves dão bem a dimensão do que representou para ele e o navegador Eduardo Bampi, ambos curitibanos, o convite para pilotar o Touareg da equipe Volkswagen no 17º Rally Internacional dos Sertões. Eles largaram com o "Sapo Azul" ontem pela manhã para o primeiro dos dez trechos, entre a capital goiana e a cidade de Santa Helena – a competição só termina no dia 3 de julho, em Natal.

Guiar o supercarro não estava nos planos até dois meses, quando o contato da Volks surpreendeu Neves – e ele indicou Bampi. Muito menos quando o piloto, ainda criança, aprendeu mecânica na pequena oficina do pai, em Santa Felicidade, ou o navegador era "zequinha" no banco de trás do jipe da família.

Neves, de 40 anos, só se tornou piloto de ralis em 1999. Mas era louco por mecânica desde cedo. "Não queria saber de futebol, nem nada. Queria era matar aula para ficar mexendo nos carros", lembra.

Em 94 foi convidado pelo amigo Marco Campos a ir para a Europa trabalhar como mecânico. O piloto faleceria no ano seguinte, após um acidente na França, mas ele decidiu continuar por mais dois anos atuando em equipes da Fórmula 3000.

De volta a Curitiba, o piloto Rafael Túlio pediu que preparasse um carro de rali. Neves relutou, por não ser especialista. Mas não só aceitou como sua futura oficina se tornaria referência na área e ele um dos principais competidores do país. "Logo na minha primeira prova, o Sul-Americano, fui campeão (da categoria A-6). Aí peguei gosto pela coisa", brinca.

Bampi, de 32 anos, foi influenciado pela família desde cedo. "Quando eu tinha 11 anos meu pai comprou um jipe 67. Ele ia pilotando, meu irmão mais velho como navegador e eu e minha mãe atrás de ‘zequinhas’. Agora estão todos aqui comigo", lembra, feliz por ver toda a turma de casa na caravana.

O negócio se tornou mais sério em 2003, quando foi convidado por um amigo a ser navegador. Dois anos depois, fez parte do time de apoio da ProMacchina – equipe de Neves – no Sertões. "Ali conheci o Klever Kolberg e ele me convidaria para correr o Dakar. Competimos em 2006 e 2007 na África", conta. Bampi faria dupla com Adriano Leão, porém, em cima da hora foi chamado para compor a equipe da Volkswagen, justamente por causa da experiência no maior rali do mundo e por falar inglês fluentemente.

Agora orientando o Touareg, a meta dele é voltar ao Dakar em 2010 – prova que pela segunda vez seguida será disputada na Argentina e no Chile. Para Neves, participar da prova é mais um sonho que está perto de se realizar. "Vai depender do nosso desempenho aqui, mas acho que temos grandes chances", afirma. Nada mal para quem aprendeu mexendo nos carros da oficina do pai e quem já foi o zequinha da família.

O jornalista viaja a convite da Dunas Race.

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