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“Naquele dia do rebaixamento do Coritiba [6/12/09] aconteceu uma sucessão de erros. Entre eles o fato de quase 5 mil torcedores terem ficado do lado de fora do Couto, forçando o portão. Perdemos o controle da situação.” - Coronel Marcos Scheremeta, comandante do Comando do Policiamento da Capital | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
“Naquele dia do rebaixamento do Coritiba [6/12/09] aconteceu uma sucessão de erros. Entre eles o fato de quase 5 mil torcedores terem ficado do lado de fora do Couto, forçando o portão. Perdemos o controle da situação.” - Coronel Marcos Scheremeta, comandante do Comando do Policiamento da Capital| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Entrar na sala de reunião do Co­­mando do Policiamento da Ca­­pi­­tal, na esquina das avenidas Ge­­túlio Vargas e Marechal Flo­­riano, é invadir o quartel-general de Mar­­cos Scheremeta. É de lá, de fren­­te para um enorme telão li­­­gado a um computador portátil (e ao Google Maps), que o coronel da Polícia Militar (PM), comandante do batalhão de Curi­­tiba, montou a estratégia que diminuiu consideravelmente o nú­­mero de casos de violência ligado ao futebol. Reação que serve de modelo para a próxima Copa do Mundo.

Um grupo de 12 policiais de Brasília (DF) visitou Scheremeta em novembro para aprender e copiar a política de segurança. Querem implantá-la ainda antes da Copa das Confede­rações, marcada para 2013.

Se em 2009, ano que ficou mar­­cado pela barbárie no Couto Pereira após o jogo entre Coritiba e Fluminense, 171 ônibus foram depredados, na temporada atual 105 carros foram quebrados por causa do vandalismo de torcedores, um decréscimo de 39%. Os números são da Urbs, órgão vinculado ao Executivo municipal, e correspondem ao período en­­tre janeiro e outubro.

Bem mais do que a contenção do quebra-quebra, Scheremeta celebra o fato de não ter acontecido nenhuma "ocorrência especial", o que, no jargão policial, classifica casos como o do atleticano João Henrique Mendes Xa­­vier Vianna. O estudante morreu em outubro de 2009 em de­­corrência de um atropelamen­­to por um torcedor do Cori­­tiba, quando voltava para a Arena depois de um Atletiba. "É uma evolução e tanto", ressalta o co­­ronel, que a partir de janeiro, no governo Be­­to Richa (PSDB), assume o co­­man­­do-geral da PM no Paraná.

Evolução que tem de ser creditada a um conjunto de regrinhas estabelecido por Schere­meta – e que ajudou a transformar a polícia local em referência em prevenção ligada ao esporte. De olho na Copa de 2014, o policial antecipou o planejamento, criando uma espécie de "corredor da segurança" em dias de bo­­la rolando na capital. A estratégia estreou no empate por 1 a 1 entre Atlético e Corinthians, na Baixada. A medida consiste, basicamente, em criar cordões de iso­­lamento nos arredores do estádio, nos mesmos moldes exigidos pela Fifa durante os 30 dias de Mundial.

As barreiras, localizadas em pontos estratégicos, servem para peneirar os fãs de futebol. O "joio do trigo", como diz o coronel. Ou seja, só são liberados pela blitz quem realmente vai assistir à partida, com a apresentação do ingresso ou da carteirinha de sócio que permite acesso à praça de esportes – moradores da região também recebem tratamento diferenciado. Neste caso, a comercialização de tíquetes fica concentrada em barracas montadas fora da área especial, com a supervisão de policiais pa­­ra evitar roubos.

"Naquele dia do rebaixamento do Coritiba [6 de dezembro de 2009] aconteceu uma sucessão de erros. Entre eles o fato de quase 5 mil torcedores terem ficado do lado de fora do Couto, forçando o portão para entrar. Perde­mos o controle da situação", avalia o comandante da PM, citando um dos problemas que culminaram na implantação do novo es­­quema de segurança.

Mas a triagem, isolada, explica Scheremeta, não resolveria to­­dos os problemas. Por isso o co­­ronel acrescentou itens importantes à pauta. Entre eles, o policiamento preventivo (reuniões constantes com torcidas organizadas); a mudança da postura do policial (mais cortês e pronto para defender o torcedor de bem); e a própria conscientização dos fãs. "É estratégico, mostra para os torcedores que estamos ali. Mas, se precisarmos, podemos usar a força também", afirma.

A ação policial na repressão à violência em dias de jogo de futebol não vai parar por aí. "Vamos nos especializar ainda mais", pro­­­­mete o coronel, apostando principalmente na im­­plantação, a partir do ano que vem, de Jui­­zados Especiais dentro dos estádios para completar o cerco aos baderneiros. "Aí haverá punição na hora, fechando o ciclo. Uma maravilha!"

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