Curitiba recebe a antepenúltima etapa do Brahma Super Bull PBR.| Foto: Divulgação

Justiça

Organização trava batalha com a Sociedade Protetora dos Animais

Além do atrativo financeiro e do sucesso de público, a preocupação dos organizadores é cada vez maior com as regras diante de uma atividade ainda contestada. Para colocar os touros na arena montada no Expotrade, os responsáveis pelo evento suaram para derrubar uma liminar concedida pela juíza Diocélia da Graça Mesquita, através da Ação Civil Pública em nome da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba, proibindo as provas de montaria no Super Bull PBR. Apenas ontem, a organização da prova conseguiu tal garantia – embora ainda corra risco de uma nova decisão judicial contrária.

Situação semelhante havia ocorrido também no interior paulista. As ações tinham como base laudos e estudos técnico-científicos demonstrando que o uso de certos acessórios provocam danos nos animais, além de dor e sofrimento. Na ocasião, assim como agora, a liminar foi derrubada.

A Confederação Nacional de Rodeio (CNAR), fundada em 2001, e reconhecida pelo Ministério do Esporte, garante que são mantidos a "sanidade e o bem-estar dos animais, pois todos os equipamentos têm medidas e padrões preestabelecidos, que não causam problemas nem prejudicam a integridade física dos animais participantes."

A cinta de flanco (sedém), que amarra o touro, por exemplo, deve ser feita de lã ou algodão, e as esporas têm de ser lisas e redondas. Um selo verde de Rodeio Legal é conferido a quem segue os padrões. "Os animais recebem cuidados muito especiais. O touro só salta uma vez em cada evento e, no máximo, por 8 segundos. No total, são cerca de quatro minutos por ano", cita Gustavo Ferreira.

"Há alguns eventos extraoficiais em que existem problemas, onde são usados animais despreparados. Os touros que usamos têm toda uma preparação, que vai da alimentação ao manejo. Temos laudos técnicos e científicos de que não há maus tratos", defende Flávio Junqueira. "Fazendo uma analogia, é como proibir a F1 porque houve acidente em um racha de rua", reforça.

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Milionários

No último fim de semana, o brasileiro Silvano Alves faturou o campeonato mundial disputado em Las Vegas e recebeu o prêmio de US$ 1 milhão. Ele não foi o único brasileiro a brilhar no mundial, que teve domínio verde amarelo até a quinta colocação, ocupada pelo paranaense Fabiano Vieira. "O rodeio mudou toda a minha vida. Tudo que conquistei devo a essa profissão, que cada vez mais as pessoas estão reconhecendo como esporte", contou o peão, nascido em Pérola, no Oeste do estado, e esperado no Super Bull Curitiba.

Não faltam chapéus e botas. Sucessos de duplas musicais, então, nem se fala. Novas casas noturnas à moda country abrem suas portas. Uma febre difícil de explicar em uma cidade com vocação agropecuária zero. Pois, a partir de hoje, os fãs desse estilo terão acesso a um ícone do movimento cowboy. No galope da febre sertaneja que contagia Curitiba, chega à capital o principal circuito de rodeios do país. Cerca de 70 mil pessoas são esperadas nos quatro dias do Super Bull, até domingo, no Expotrade.

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A competição é a antepenúltima etapa da temporada 2011. O torneio com a elite da montaria no país começou no Paraná, em Paranavaí, percorreu mais de 30 cidades, a maioria pelo interior paulista. Entre as capitais, só Cuia­­bá e Campo Grande, onde a tradição pecuária está bem mais próxima dos grandes centros. E, agora, desembarca por aqui.

"Está nos planos da Santarena [empresa responsável pela organização do evento] a expansão pelo Sul do país e, das cidades-chaves, a primeira delas tinha de ser Curi­tiba", afirma Gustavo Ferreira, um dos correalizadores.

"Esse movimento sertanejo é muito forte aqui, tornou-se um cartão de visitas. Já houve um histórico de rodeios, com feiras agropecuárias e eventos em São Luiz do Purunã [nos Campos Gerais]. Não é só a música, é um estilo de vida. Acreditamos que a cidade será muito receptiva", reforça Ferreira, amparado na grande procura pelos ingressos.

Os organizadores contabilizam 18 milhões de pessoas nos 250 eventos da Santarena neste ano em todo o país, atraídos pela mistura entre shows e o desafio dos peões. Para se ter uma ideia do apelo, o público da Série A do Campeonato Brasileiro em 148 jogos foi de 2.088.642, segundo o site da CBF.

Embasados pela chancela do Ministério do Esporte, os organizadores querem turbinar o evento como competição, seguindo uma tradição esportiva muito forte nos Estados Unidos. Segun­do a entidade Professional Bull Riders (PBR), antes os torneios no Brasil eram isolados, sem um circuito ou uma pontuação única.

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"Transformamos a montaria em esporte e o mundo do rodeio em um grande negócio. No interior, somos o maior negócio de entretenimento. As cidades pe­­que­nas nos conhecem. Nas grandes cidades não têm essa aderência. Conhecem futebol, o automobilismo, e a intenção é que agora passem a conhecer o rodeio como esporte", defende o presidente da PBR Brasil, Flávio Junqueira.

Em expansão, o campeonato nacional atingirá a maior premiação do mundo na temporada de 2012. A previsão inicial é de que o vencedor do próximo ano ganhe R$ 2 milhões somente pelo título.