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Alonso e Massa no pódio do GP Brasil de 2008: sangue quente da dupla indica um futuro com poucas cenas afetuosas como essa | Vanderlei Almeida/AFP
Alonso e Massa no pódio do GP Brasil de 2008: sangue quente da dupla indica um futuro com poucas cenas afetuosas como essa| Foto: Vanderlei Almeida/AFP

Opinião

Uma dupla de talento e pavio curto

Cassiano Mariani, colunista da Gazeta do Povo.

A Ferrari confirmou o que o meio da Fórmula 1 já sabia há alguns meses: Fernando Alonso será piloto da escuderia italiana. A dupla de 2010 será muito forte, Alonso e Massa. Mas como fica a posição do piloto brasileiro dentro da equipe? Tudo vai depender do desempenho de Felipe. Primeiro porque o brasileiro é muito adorado por mecânicos, engenheiros e Michael Schumacher. Segundo porque, apesar de Alonso ter dois mundiais, Felipe conhece bem a casa e a maneira de trabalho e desenvolvimento. Se existir mesmo alguma preferência para Alonso, vai depender dos resultados dos primeiros seis GPs de 2010. Se Massa vencer ou conseguir resultados melhores ou semelhantes ao do espanhol, acredito que não vai existir preferência entre um ou outro. Felipe Massa não é bobo e não vai entregar a equipe de mão beijada para Fernando. A equipe será dividida em duas e será cada um por si com o mesmo equipamento.

Se Fernando começar a reclamar como de costume (fez isso quando estava na McLaren), teremos uma briga nos bastidores de duas pessoas com gênio muito forte e que não aceitam perder nem no vídeogame. Uma guerra aberta com declarações e troca de farpas. Esta alternativa é real e possível caso a Ferrari tenha um carro que lute pelo Mundial no próximo ano. Caso o carro seja ruim, os dois vão ser amigos e vão ficar felizes pelo resultado que cada um tiver conseguido.

A chegada do melhor piloto da atualidade à Ferrari vai trazer benefícios para a equipe. O desenvolvimento do chassi será melhor. Dois pilotos trabalhando mais no desenvolvimento do chassi.

Será uma dupla fortíssima, mas também de pavio muito curto a beira de uma explosão o tempo todo.

Depois de meses de rumores, a Ferrari finalmente confirmou ontem a contratação do espanhol Fernando Alonso. O negócio milionário, que renderá ao bicampeão mundial US$ 75 milhões por três anos de vínculo, destrava o mercado da categoria para 2010 e abre caminho para a formação de duas fortíssimas duplas de pilotos.

Pela escuderia italiana correrão Alonso e o brasileiro Felipe Massa. Até o fim desta semana, Kimi Raik­­konen deve confirmar a mudança de Maranello para Woking, sede da McLaren. Ele ainda embolsará os US$ 25 milhões referentes ao seu último ano de contrato no ti­­me. Campeão de 2007, o finlandês correrá ao lado do atual número 1, Lewis Hamil­­ton. Desde 1989, com Ayrton Senna e Alain Prost, a equipe inglesa não tem dois campeões guiando seus carros.

A aposta em pilotos de alto ní­­vel é a resposta das duas mais vitoriosas equipes da Fórmula 1 a um 2009 para esquecer, dominado pe­­la estreante Brawn GP e a emergente Red Bull.

A equipe de Ross Brawn também deve aquecer o mercado. O jornal britânico Daily Mail garantiu, on­­tem, que o brasileiro Rubens Bar­­richello, atual vi­­ce-líder da temporada, trocará de cockpit com Nico Rosberg, hoje na Williams. A trans­­ferência seria impulsionada pela maior participação da alemã Mercedes Benz na BGP.

Na Force India, o brasileiro Bru­­no Senna é candidato à vaga de Gi­­an­­carlo Fisichella, contratado para cobrir a ausência momentânea de Massa na Ferrari e tornar-se piloto de testes da escuderia a partir de 2010. Na Renault, outra possível vaga brasileira, com Lucas Di Grassi substituindo Romain Gros­­jean, pupilo do banido Flavio Bria­­tore. O time francês ainda deve con­­firmar como primeiro piloto o polonês Robert Kubica, substituto de um Alonso empolgadíssimo com a transferência para Mara­­nello.

"Pilotar uma Ferrari é o sonho de todo piloto e hoje tenho a sorte de realizá-lo", afirmou o espanhol, no comunicado oficial divulgado ontem. "Estou muito certo de que junto a Felipe conseguiremos dar grandes alegrias à Ferrari e a seus torcedores pelo mundo", completou o piloto de 28 anos, que já conquistou 21 vitórias e 18 poles nas 137 corridas que disputou na Fórmula 1.

A contratação será um grande teste à capacidade do diretor Stefa­­no Domenicali de gerir a relação de dois talentosos e velozes competidores, ambos de sangue quente, que não abrem mão das vitórias. Alonso tem personalidade oposta à de Raikkonen, que fala pouco e não reivindica nada. Assim, desenvolveu uma dupla pacífica com Massa, o que é difícil imaginar que possa acontecer em 2010.

No comunicado, Alonso revelou que já havia assinado contrato com a Ferrari para 2011. Mas explicou que "acontecimentos recentes" permitiram antecipar a sua chegada em um ano. Acredita-se que as empresas que investem na equipe italiana também colaboraram para levantar o dinheiro necessário para pagar o piloto espanhol e bancar a dispensa de Raikkonen.

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