Final da Copa do Mundo de 2014. No gramado artificial do Maracanã Arena, Robinho dribla dois zagueiros antes de chutar a bola para fora. O seu esforço acelera os batimentos cardíacos e a respiração, monitorados através de sensores no uniforme, que repassam as informações a um computador no banco de reservas da seleção brasileira.

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Minutos depois, ele arrisca mais um chute de longa distância. A bola toca o travessão, o chão e sai. A polêmica é decidida por chips colocados na bola e na linha de gol, que enviam a mensagem a um computador e transmite ao árbitro, por um receptor colocado no braço, que não foi gol. A partida continua 0 a 0.

O lance hipotéticos descrito acima parece um exercício de futurologia, mas será comum no futebol em oito anos, segundo prognóstico de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo. As novidades deverão ser acompanhadas de perto pelos brasileiros no Mundial de 2014, a ser disputado na América do Sul dentro do rodízio de continentes previsto pela Fifa, provavelmente disputado no Brasil.

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Nos uniformes, uma verdadeira revolução. Camisas, calções e chuteiras se tornarão mais confortáveis, aderentes à pele do jogador. "Buscamos uma modelagem que facilite o movimento do atleta", diz o gerente de futebol e produtos da Adidas no país, Bruno Abilel.

As mudanças não ficam apenas no visual. Na Grécia, berço dos Jogos Olímpicos, a Universidade Técnica Nacional de Atenas está desenvolvendo camisas com computadores que acompanham o ritmo e a aceleração cardíaca dos jogadores, com a variação sendo vista por qualquer membro da comissão técnica de um computador no banco de reservas. Em Cingapura, na Universidade Nacional, os tecidos desenvolvidos contêm sensores e fibras ópticas, mantendo um ritmo cardíaco e respiratório. As chuteiras ficarão mais leves do que as atuais, que já têm peso baixo, cerca de 290 gramas. Como já ocorre com alguns jogadores, como Ronaldo, as chuteiras serão feitas exatamente no formato do pé de cada atleta. E o melhor: sem causar nenhuma bolha.

Força uniforme

O físico dos jogadores vai ter ainda mais influência nas partidas. Atletas com musculatura mais forte e equilibrada em todo o corpo vão ficar ainda mais velozes, ágeis, com maior impulsão nas jogadas aéreas e menos vulneráveis a lesões. Sai o modelo Roberto Carlos, entra uma evolução de Kaká, atualmente quem se assemelha ao craque do futuro.

Contudo, a mudança não fecha as portas para os baixinhos. "Em outros esportes a altura faz a diferença. Mas o futebol ainda depende mais da técnica, talento e ginga do jogador", explica o médico fisiologista do São Paulo, Turíbio Leite de Barros Neto.

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Em 2014, será raro algum jogador da seleção brasileira ter jogado em alguma equipe do país. Garotos irão cada vez mais cedo para os clubes europeus - assim como hoje, seduzidos pelo dinheiro, estrutura (as propostas milionárias deverão ser ainda maiores, levando não atletas profissionais, mas sim famílias inteiras para o Velho Mundo). "A tendência é essa mesmo, mas não acho que perde a identidade com a seleção. Jogador de fora ou daqui vai jogar do mesmo jeito", afirma o comentarista esportivo Tostão.

O empresário Wagner Ribeiro ilustra essa tendência. Ele levou em março o garoto do Santos Neimar, de apenas 14 anos, para passar 15 dias no Real Madrid. O Peixe não aceitou a oferta de 1,5 milhão de euros e hoje paga um salário de R$ 25 mil mensais ao menino. "Como a Fifa proíbe as transferências para o exterior antes dos 18 anos, os europeus oferecem emprego para os familiares do garoto, que acaba indo por outro motivo", explica o empresário, que trabalha para Robinho e negociou Kaká para o Milan.

Esses futuros jogadores participarão de competições em gramados sintéticos. Fibras e amortecimento de borracha deixarão a grama artificial igual à natural. "No sintético, você consegue jogar até cinco anos no mesmo gramado, com um baixo custo de manutenção", afirma Alexandre Santos, gerente comercial da Sport Solution, empresa fabricante de grama sintética.

A Fifa acenou com mudanças na arbitragem, como a bola com chip. Outra tecnologia testada na Copa do Mundo da Alemanha foi o uso de microfones para a comunicação entre árbitro e auxiliares. "Essas tecnologias ainda evoluirão, mas serão usadas", diz o comentarista de arbitragem e membro da Comissão de Futebol da Fifa, o ex-árbitro José Roberto Wright.

O marketing no futebol também evoluirá. Em torno do gramado, esqueça as atuais placas de publicidade estática. Como já ocorre no Campeonato Espanhol e na Copa do Brasil, os painéis eletrônicos exibirão imagens em movimento.

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