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Existem títulos e títulos. Alguns mascaram sucessivos erros gerenciais. Outros servem para corroborar um trabalho bem feito de gestão. O duelo decisivo da Copa do Brasil, entre Flamengo e Atlético, coloca essas duas teses em conflito. A vitória, de um lado e de outro, tem significado antagônico.

No Flamengo, a Copa do Brasil salva um ano que parecia de pesadelos. Derrubado na indigestão de Patrícia Amorim, o time ressurgiu depois do fracasso com Mano Menezes. A nova diretoria, que assumiu com discurso de modernização, fez tudo o que parecia certo, mas deu tudo errado. O achado com Jayme de Almeida mascara um clube que mais errou do que acertou. O sucesso do Furacão é fruto claro de um trabalho de planejamento, que começou ainda na dolorosa volta da Série B e agora mostra o seu lado mais belo. Time descansado em relação aos outros, jogadores em boa fase, relativo sossego fora de campo e o resultado aparecendo dentro dele.

A mão forte e o olho que tudo vê de Petraglia mais uma vez parecem ser a solução para que o time não desande e os resultados apareçam. O que o Atlético faz agora não traz quase nenhuma novidade do que fez no período de maior grandeza, quando ganhou o Brasil e bateu na trave para conquistar a América.

Petraglia implementa quase tudo o que o Manchester United fez, nos anos 90, para se tornar o clube mais valioso e vitorioso do mundo. A história é muito similar até pelo cenário macroeconômico. Manchester, assim como Curitiba, não é a cidade motora do país. O United, tal como o Atlético, tinha torcida e história, mas faltava uma gestão que reorganizasse as coisas.

O grande segredo deste Atlético é saber, fora de campo, capitalizar com aquilo que acontece nele. Não por acaso, é um dos únicos a remar contra a corrente do sócio-torcedor, entendendo que a fidelização do consumidor não se faz com benesses para garantir ingresso, mas com o constante lançamento de produtos e serviços.

O mais impressionante é que o Atlético não fez nada de especial. Apenas manteve-se fiel a alguns princípios de gestão e marketing. O resultado apareceu em pouco mais de um ano. E deverá ajudar o clube a manter-se como "intruso" no camarote endinheirado dos times de Rio e São Paulo.

*Erich Beting é jornalista sócio-diretor do site Máquina do Esporte

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