Eugenio Figueredo tem cidadania norte-americana, o que vai facilitar sua extradição da Suíça para os EUA.| Foto: David Fernandez/EFE

Um dos sete cartolas presos na Suíça, o ex-presidente da Conmebol e da Associação Uruguaia de Futebol (AUF) Eugenio Figueredo foi acusado de falso testemunho por declarar ter demência mental no pedido de solicitação de cidadania norte-americana, entre outros crimes.

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O episódio ocorreu em 2005. Para escapar dos exames de inglês e de educação cívica, Figueredo apresentou um laudo de incapacidade mental, segundo a peça acusatória do Departamento de Justiça dos EUA.

Ele também mentiu sobre a sua ocupação: disse que se dedicava apenas à venda de pedras ornamentais na Califórnia, onde mantém uma residência. Na época, porém, era o presidente da AUF, cargo que ocupou entre 1997 e 2006.

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Apesar das informações incorretas, Figueredo se tornou cidadão norte-americano em 2006, o que, ironicamente, deverá facilitar agora a sua extradição da Suíça, pedida pela Justiça dos EUA.

O cartola também foi acusado pelos EUA de receber parte dos US$ 110 milhões (R$ 345 milhões) que a empresa Datisa concordou pagar em propina para obter os direitos de publicidade e transmissão e publicidade das próximas quatro Copas Américas.

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Esse acerto foi feito em 2013, logo depois de Figueredo ter assumido a presidência da Conmebol. Dos US$ 40 milhões que já teriam sido pagos, US$ 6 milhões teriam ido para o cartola uruguaio – o ex-presidente da CBF José Maria Marín e o ex-presidente da federação argentina Julio Grondona (morto em 2014) teriam recebido a mesma quantia.

Em entrevista ao jornal uruguaio El Pais nesta quinta-feira (28), o advogado de Figueredo, Gustavo Bordes, afirmou que não teve acesso às provas contra seu cliente. Ele disse que o cartola ainda não havia se encontrado com o advogado que o representará na Suíça.

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Um dos oito vice-presidentes da Fifa no momento da prisão, Figueredo é de origem modesta: começou como vendedor de carros antes de se tornar dirigente de um pequeno clube de futebol que já não existe.

Tido como bom negociador, escalou na hierarquia do futebol uruguaio até chegar à presidência, em 1997. Deixou o cargo nove anos depois em baixa em 2006, ano em que o Uruguai não participou da Copa. Dali, passou a ocupar cargos executivos na Conmebol e na Fifa.

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Suspeito de negócios escusos e de privilegiar amigos, a sua queda na AUF ocorreu depois de forte pressão do presidente uruguaio Tabaré Vázquez, que na época iniciava seu primeiro mandato. Quando Figueredo renunciou ao cargo, o então ministro dos Esportes uruguaio, Héctor Lascano, disse que o novo presidente precisaria usar “sabão e escova” para limpar a AUF.