O processo
Veja todos os passos até a escolha do campo de treinamento por uma das seleções que disputarão o Mundial
- Candidatos O COL identifica e pré-seleciona locais que foram sugeridos nos projetos das cidades. Estados que não serão sede enviam diretamente ao COL as candidaturas.
- Teste É enviado um questionário para os campos e CTs escolhidos. É assinado um acordo preliminar.
- Visita É feita a vistoria dos locais.
- Lista É criado um catálogo para ser distribuído às seleções durante o sorteio das Eliminatórias, em julho de 2011.
- Escolha Ao fim das Eliminatórias, em novembro de 2013, as seleções começam a definir suas concentrações.
O interior paranaense está fora da rota da Copa do Mundo de 2014. Faltando pouco mais de meio ano para que o Comitê Organizador Local (COL) apresente à Fifa a lista de campos de treinamento para serem utilizados durante o Mundial no Brasil, apenas Curitiba tem possibilidade de abrigar alguma seleção.
Cinco locais na capital paranaense foram pré-selecionados: CT do Caju, do Atlético; CT da Graciosa, do Coritiba; Ninho da Gralha, do Paraná; Ecoestádio, do Corinthians Paranaense; e o Estádio Francisco Muraro, do Trieste (leia mais ao lado). Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá ou Ponta Grossa nem sequer foram indicadas pelo governo estadual na época da candidatura o ponto de partida do processo.
"Só Curitiba terá chances mesmo. É uma pena", afirma Algaci Túlio, secretário especial para Assuntos da Copa de 2014. "Infelizmente, isso foi feito lá atrás e nós pegamos o bonde andando. A secretaria foi criada em 1.º de junho. Antes, havia um comitê que cuidava mais do aspecto político. Aquele comitê poderia ter feito isto. Quando chegamos, já não tinha mais o que fazer."
O comitê em questão era presidido pelo atual governador, Orlando Pessuti. Nele, o discurso de utilização do interior do estado foi utilizado à exaustão. Mas, na prática, quem acabou fazendo a maior parte da documentação da candidatura da capital foi o grupo criado pela prefeitura de Curitiba, que sugeriu apenas locais dentro dos limites da região metropolitana.
"Isso é uma discriminação com o interior. Nada mais justo do que Ponta Grossa ser uma das subsedes da Copa. Pela sua história. Lá ocorreu o primeiro jogo de futebol no Paraná", reclama o deputado estadual Jocelito Canto, do PTB, ex-prefeito do município.
De acordo com o governo estadual, Ponta Grossa foi a única cidade a demonstrar interesse em receber uma seleção. Esquecida, resta à prefeitura local tentar trazer algum selecionado para a pré-temporada oficial de 20 dias antes da Copa. Para isso, contudo, em vez de receber, teria de pagar, como ocorreu com o Brasil, em 2006, na Alemanha. A seleção nacional passou o período anterior ao torneio em Weggis, na Suíça. Por isso, recebeu cerca de 3,5 milhões de francos (aproximadamente R$ 6 milhões).
"Vamos retomar o contato com as cidades e ver se há interesse. Também, se não tiver, paciência", diz Algaci.
O processo de seleção dos locais de concentração começou em outubro e deverá terminar em abril ou maio do ano que vem. Dele, saíra uma lista para ser distribuída às seleções no dia do sorteio das Eliminatórias, em julho de 2011. A Fifa exige que o campo de treinamento fique a no máximo 20 minutos do hotel e uma hora de um aeroporto com capacidade de pouso para aeronaves com no mínimo 120 lugares.
A seleção dos hotéis será feita diretamente pela Fifa. O COL pretende disponibilizar cerca de 90 concentrações em todo o país para serem analisadas pelas 32 seleções. As escolhas definitivas serão feitas após as Eliminatórias. "Os locais terão de vir da lista. Afinal, é a Fifa que pagará por isso", afirma Rodrigo Paiva, assessor de comunicação do COL e da CBF.
Segundo escalão também quer o seu potencial construtivo
Após terem suas propriedades incluídas entre os cinco possíveis campos de treinamento para a Copa de 2014, Coritiba, Paraná e Trieste não escondem a intenção de também serem beneficiados pelo potencial construtivo recurso que permitirá a reforma da Arena da Baixada.
A última etapa de avaliação dos CTs começou neste mês. Foi realizada uma visita técnica de integrantes do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). A missão, coordenada pelo órgão, é adequar as estruturas ao rígido padrão da Fifa. No encontro, representantes dos clubes tiveram de preencher um extenso questionário, detalhando os imóveis e especificando futuros investimentos.
O plano mais audacioso é o do Coritiba. A diretoria mantém negociação adiantada para comprar um terreno anexo ao CT da Graciosa, ampliando a atual estrutura. Veladamente, contudo, a estratégia é concorrer de igual para igual com os CTs do Caju e Ninho da Gralha, considerados mais completos. "Estamos trabalhando, pensando em melhorias como a construção de um hotel. Mas, para ser sincero, nem conheço esses senhores que compõem o comitê paranaense [para a Copa]", desconversa Vilson Ribeiro de Andrade, vice-presidente alviverde.
Anteriormente ele já havia deixado clara a intenção de receber as mesmas concessões públicas oferecidas ao rival Atlético para modernizar a Arena. Posição semelhante é defendida pelo Paraná. "Está tudo à disposição da Copa, mas o Paraná tem de aproveitar um pouco disso", diz Aquilino Romani, presidente tricolor. A pressão indireta tem relação com o uso do potencial construtivo.
"Precisaremos necessariamente recorrer a algum fundo ou algo do tipo", declara Jaziel Baioni, presidente do Trieste, clube amador do bairro Santa Felicidade, já sonhando com a possibilidade de receber a Itália em sua casa. "Aí a festa seria completa", avisa, lembrando da colonização da região. A prioridade do clube é reformar o gramado.
Apenas o empresário Joel Malucelli, presidente de honra do Corinthians Paranaense, já abriu mão do dispositivo. O clube bancaria de outra forma as obras prometidas, como a instalação de um potente sistema de iluminação no Ecoestádio para deixá-lo apto a receber treinos noturnos. Os dirigentes do Atlético não foram localizados pela assessoria de imprensa do clube para comentar o assunto.
O potencial construtivo até pode sair do papel para beneficiar os campos de treinamento, mas não imediatamente, segundo afirma Luiz de Carvalho, gestor de Curitiba para assuntos relacionados ao Mundial. "É uma discussão que está em aberto, dependendo ainda da avaliação da Fifa", comenta.
A Fifa pretende fechar o catálogo com 90 opções de concentrações no Brasil até julho de 2011.
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