Marlos - com Pedro Ken ao fundo - está confirmado entre os titulares| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Com a crescente invasão de parrudos, caneludos e técnicos retranqueiros – e suas "táticas" de parar o jogo –, ficou praticamente impossível a aparição dos chamados "gols de placa" no futebol. Bastam um, dois dribles para a ousadia acabar numa pernada. Não foi o que aconteceu com Dênis Marques na vitória do Atlético sobre o Paraná, 4 a 0, dia 28 de outubro do ano passado, pelo Brasileiro, na Arena.

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Sorte dos atleticanos, que puderam presenciar um legítimo gol de placa do atacante que, amanhã, numa situação ainda mais rara, vai receber a placa merecida. A homenagem, oferecimento da diretoria do Furacão, será feita antes da partida contra o Engenheiro Beltrão, às 16 horas, pelo Campeonato Paranaense.

Será a segunda placa originada de um golaço a enfeitar o estádio rubro-negro. Curiosamente, a outra também "nasceu" numa partida contra o Paraná, e de um time comandado pelo técnico Vadão. Foi em 2000, no dia 4 de julho. Aos 21 minutos do segundo tempo, o meia Kelly tocou entre as pernas do zagueiro e passou de letra para Lucas, que de "sem pulo" mandou para as redes, na vitória por 3 a 1.

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A homenagem a Dênis é o reconhecimento justo para um dos gols mais bonitos da temporada 2006. Jogados 29 minutos da etapa final, e o Atlético vencia o Tricolor por 3 a 0, gols de Evanílson, Alan Bahia e William. Até que Denis fechou a goleada numa combinação perfeita entre força e técnica.

Recebeu passe na entrada da área e deu um corte seco fazendo Neguete perder o rumo. Em seguida, mais um drible para a esquerda e Gustavo ficou sentado na grama. Pierre veio para socorrer a defesa e tomou uma meia-lua. Por fim, na saída de Flávio da meta, Dênis tocou consciente de perna direita, no canto esquerdo, sem chance de defesa. E como toda obra de arte merece um arremate final, antes de vencer o goleiro paranista, a bola ainda passou debaixo das pernas de Neguete (que tinha "achado o rumo").

Melhor declaração de conciliação impossível. Mesmo em 2006, o jogador parecia sofrer os efeitos da punição que recebeu da Fifa no ano anterior, em virtude da transferência do Kuwait S.C. para o Atlético, que lhe custou uma dívida de U$S 700 mil dólares e suspensão de quatro meses.

Eram coleções de gols perdidos, que num primeiro momento provocaram a ira da torcida e, depois, acabaram em piada, com a criação dos "Dênis facts".

A partir do golaço, a má fase virou parte do passado. Porém, passados pouco mais de três meses, a lembrança parece não empolgar mais o atacante. Convidado pela assessoria de imprensa do clube, ontem, após o treino, o jogador se negou a dar entrevista para comentar o feito e a homenagem.

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Ficou para o técnico Vadão. E, sempre político, o treinador preferiu exaltar os dois gols quando questionado sobre qual era o mais bonito: o de Lucas ou de Dênis? "Difícil dizer. O gol do Denis foi só dele, só ele é merecedor. Do Lucas, ele complementou muito bem a grande jogada do Kelly".