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Família de Nathan arrecadou o valor suficiente para pagar a multa e devinculá-lo do Atlético. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Família de Nathan arrecadou o valor suficiente para pagar a multa e devinculá-lo do Atlético.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O meia Nathan pediu na segunda-feira (23) a rescisão de contrato com o Atlético. A família do jogador arrecadou e pagou judicialmente ao clube o valor correspondente à multa pela quebra unilateral do vínculo – R$ 2,4 milhões – e agora detém 70% dos direitos econômicos do atleta.

“A decisão foi nossa. Ele se desgastou demais no Atlético e só quer ser jogador futebol. Ele precisa atuar”, disse José Carlos de Souza, pai e representante de Nathan.

O advogado da família, Henrique Caron, contou que o jogador não se apresentou ao clube e aguarda a declaração judicial para ser oficialmente livre.

“O Nathan não é mais jogador do Atlético. Ele está no seu direito de rescindir o contrato. Não é razoável que o Atlético tente impor uma negociação que não agrada ao jogador. Foi a única alternativa que nos restou”, explicou.

Os R$ 2,4 milhões arrecadados, em teoria, permitem ao atleta se transferir para outro clube brasileiro. Para arrecadar o valor da multa, a família precisou se desfazer de bens.

“Já vendi minha empresa e um apartamento que eu tinha na praia para poder pagar essa multa e deixar o Nathan livre. Faço qualquer coisa pelo meu filho e acredito muito no seu talento”, disse Souza.

O meia, no entanto, está impedido de defender no momento um clube do exterior. O valor da multa a ser paga para possibilitar uma transferência internacional é de 30 milhões de euros, cerca de R$ 103,5 milhões.

A intenção da família é realmente mantê-lo no futebol nacional. O São Paulo teria manifestado interesse em contar com Nathan, presença constante em convocações da seleção de base, mas a família nega o envolvimento de qualquer clube.

O Atlético não considera o caso encerrado e contesta a quantia depositada pela família do jogador. O advogado do Furacão, Daniel Glomb, disse que não foi informado sobre a rescisão. “O que posso te dizer com base nessa notícia é que a interpretação da multa no valor de R$ 2,4 milhões é absolutamente equivocada. O valor devido nesta hipótese seria muito superior a este noticiado”, disse.

O pedido da quebra de vínculo é mais um capítulo da batalha judicial que jogador e clube estão travando desde a metade do ano passado. O Rubro-Negro queria a renovação automática do vínculo contratual por mais dois anos, prevista no documento, enquanto os representantes do jogador não aceitavam a ampliação.

Na próxima quinta-feira ( 26) está marcada a audiência de instrução do processo que o Atlético move contra o jogador. Semana passada, o clube conseguiu derrubar a liminar que impedia a renovação do contrato.

“Nós estaremos lá para a audiência, mas acredito que não haja mais objeto, já que não há mais contrato”, acrescentou Caron, que defende o atleta.

Entenda o caso

Nathan assinou seu primeiro contrato de trabalho como profissional aos 16 anos, em 1º de abril de 2012, pelo prazo de cinco anos, conforme prevê o artigo 30 da Lei 9.615/98. Entretanto, uma regra da Fifa restringe o primeiro vínculo profissional a três anos. A cláusula 16 do contrato entre Atlético e Nathan previa a prorrogação automática por mais dois anos.

Para que a prorrogação entrasse em vigor, conforme o item 2 da cláusula 16, qualquer uma das partes (clube ou jogador) poderia manifestar interesse na renovação. O Atlético o fez formalmente. O jogador não quis e alegou coação no momento da primeira assinatura para embasar sua vontade de não renovar.

O jogador conseguiu na Justiça liminar que impedia o mandado de segurança conquistado pelo Atlético, que garantia a renovação por dois anos. Na semana passada o Atlético conseguiu derrubar essa liminar, voltando a valer o mandado de segurança e a renovação de contrato.

O Atlético já enfrentou situação parecida, mas que acabou se colocando no lugar de Nathan. O atacante Tiago Adam optou por pedir a renovação automática ao final do período de três anos, o Atlético não quis. No entanto, por força do contrato, foi obrigado a renovar o contrato do jogador pelo tempo previsto.

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