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Antes soberano, Carlos Nuzman tem convivido com críticas dentro do próprio comitê, de clubes, confederações e da opinião pública | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Antes soberano, Carlos Nuzman tem convivido com críticas dentro do próprio comitê, de clubes, confederações e da opinião pública| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Sob Pressão

Cobrança por resultados. Por pressão pública e exigência do governo, o COB foi obrigadoa traçar metas de resultado.

Recursos da Lei Piva. Clubes criaram associação e exigem uma fatia da verba das loterias.

Eleição na surdina. A eleição no subsolo de um hotel e mal divulgada foi danosa à imagem do Comitê.

Crítica interna. Alberto Murray Neto tornou-se crítico feroz do COB.

Legado do Pan. Além de não deixar benefícios à cidade, os Jogos encheram o Rio deinstalações esportivas ociosas.

Candidatura olímpica. A conta já chega a US$ 42 milhões. Só a candidatura.

Um orçamento de 42 milhões de dólares. Este é o montante que o Brasil vai investir para vencer a concorrência de Japão, Estados Unidos e Espanha para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Mais um número que se soma à terceira tentativa do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, em tornar o Rio de Janeiro o anfitrião do maior evento esportivo do mundo.

No entanto, ao mesmo tempo em que COB vive o otimismo do Rio 2016 – o projeto da candidatura foi encaminhado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) na última quinta-feira –, a entidade convive com o aumento das críticas à sua atuação.

A principal delas é justamente sobre a insistência em trazer a Olimpíada para o Brasil. "Sou contra a candidatura", diz, enfática, a ex-jogadora de basquete Paula. "O esporte brasileiro tem de ter mais estrutura. Antes, temos de estar entre as potências olímpicas. Temos de colocar móveis na casa, temos de construí-la", fala.

"Há muito gasto com consultoria. Essas candidaturas viraram mesmo cabides de emprego", ataca o membro do COB, Alberto Murray Neto, um dos principais críticos à gestão Nuzman.

O secretário-geral do Comitê de Candidatura Rio 2016, Carlos Roberto Osório, defende que os Jogos deixarão um legado para o desenvolvimento do país. E rebate a crítica de que o Pan de 2007 não teria cumprido a mesma promessa. "Todas as instalações do Pan poderão ser usadas caso recebamos a Olímpíada. E estarão em condições para isso", assegurou.

A falta de transparência na prestação de contas do COB é ponto que Murray Neto critica. O Comitê é mantido – em parte – pelos recursos da Lei Agnelo/Piva (que repassa à instituição e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro 2% da arrecadação das loterias federais. Desse montante, 85% fica com o COB). "É um absurdo que mais de 50% disso é para folha de pagamento", disse.

Em 2007, R$ 22,9 milhões foram utilizados na manutenção da entidade, o equivalente a 27 % do total recebido (R$ 84,9 milhões). A folha de pagamento dos cerca de 120 funcionários da entidade custou 4,7 vezes mais que o investimento em programas de fomento e de preparação técnica no mesmo período.

Repasse

A distribuição dos valores às 26 confederações de esportes olímpicos é mais um ponto de embate. Se até o final dos Jogos de Pequim Carlos Nuzman defendia que o crescimento esportivo não deveria ser medida por medalhas, foi obrigado a voltar atrás.

Em 2009, o Comitê vai distribuir R$ 79 milhões. Para dividir o bolo, criou categorias de acordo com as conquistas de cada modalidade. Mais conquistas, mais repasse. "Sou contra a meritocracia. Assim, os pequenos vão continuar pequenos", disse Murray Neto.

Já a ex-jogadora Hortência apoia a decisão, que diminuiu o repasse ao basquete em R$ 578 mil para este ano."Acho justo. Se não está indo bem, é preciso saber como o dinheiro repassado está sendo gerenciado." falou.

"As medalhas são parte do critério", justificou o superintendente executivo de esportes do COB, Marcos Vinícius Freire. "Também conta a formação técnica, a qualificação de centros de treinamentos, entre outras metas", explicou.

Quando os valores aplicados à nova metodologia foram divulgados, em novembro de 2008, o COB ouviu protestos de algumas confederações. Um mês depois, retificou a planilha. "Era normal que acontecesse. Foi a primeira vez que abrimos discussão com as confederações", disse Freire.

Há ainda os deslizes de ordem política que arranharam a soberania de Nuzman. Em 2 de outubro o dirigente foi reeleito para o quadriênio 2009-2012 em um pleito que deu o que falar: a assembléia foi marcada às pressas, no subsolo de um hotel no Rio de Janeiro. Presidentes das confederações reclamaram da parca divulgação da eleição."Recebi a convocação dois dias antes, via fax. Não entendi por que esse mistério, se só tinha uma chapa concorrendo", diz o ex-presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Luís Cláudio Boselli.

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