Lanterna do Campeonato Brasileiro, o Fluminense agora vive uma disputa declarada na política. Aproximadamente 25 pessoas, incluindo o vice-presidente geral do clube, José de Souza, e conselheiros estiveram nas Laranjeiras nesta quinta-feira para entregar um pedido de impeachment do presidente Roberto Horcades. O documento contém assinaturas de 69 integrantes do Conselho Deliberativo, 19 a mais do que o mínimo necessário.

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"É um momento histórico. O Fluminense tem 107 anos e pela primeira vez isso está acontecendo. O clube chegou em uma situação que não podemos mais permitir. É um movimento de todos para o Fluminense reencontrar seu caminho. Isso não é de hoje. O clube está se deteriorando, ficando cada vez pior. Não há acordo possível. O único acordo é o presidente sair. Ou ele sai por bem ou vamos tentar pelo estatuto", afirmou o ex-presidente Silvio Kelly, responsável pela entrega do pedido.

Os opositores usam como base os itens C e E do artigo 53 do estatuto do clube: "Ter ele acarretado, por ato ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Clube" e "ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária".

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"Ninguém tem o direito de fazer com o Fluminense o que estão fazendo. Querem acabar com o clube. Essas pessoas deviam refletir e pensar: ‘Não dá mais para mim, vou embora’", disse José de Souza.

Uma das principais críticas do vice de Horcades foi com relação aos salários atrasados. Souza inclusive afirmou ter mandado 60 cestas básicas pagas do próprio bolso para funcionários que recebem menos de R$ 600, além de ter comprado mantimentos para o Centro de Treinamento do clube, em Xerém. Outra reclamação foi sobre a demissão de quatro vice-presidentes por telefone.

Na quinta-feira da semana passada, professores de escolinhas do clube paralisaram as atividades em protesto contra o atraso salarial. De acordo com Silvio Kelly, o momento conturbado no futebol tricolor nada tem a ver com a ação política. "O Fluminense já esteve na Terceira Divisão, e isso não aconteceu. São vários desmandos e temos que acabar com essa sangria".

Próximos passos

A partir de agora, o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Henrique Mariz Moreira, terá um prazo de 30 dias para convocar uma reunião extraordinária para discutir a questão. O quorum mínimo para que o tema seja votado é de 151 conselheiros. Caso a pauta seja aprovada, inicia-se o período de acusação e defesa, até que o pedido seja votado em plenário. A decisão é tomada por maioria simples de votos.

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Se a maioria optar por destituir Horcades do cargo, o vice geral, José de Souza, assume o comando por 45 dias, prazo para a convocação de novas eleições para um mandato tampão até o fim de 2010.