Para não errar mais: mecânicos da Ferrari ensaiam um pit stop no Japão. Há duas semanas, em Cingapura, um erro nos boxes custou a vitória a Felipe Massa.| Foto: Toru Hanai/ Reuters

Barrichello desaconselha Bruno Senna a acertar com a Honda

Piloto com mais GPs na história da Fórmula 1 (268), Rubens Barrichello deu um conselho para Bruno Senna, que tenta chegar à categoria na próxima temporada: "Sei que a equipe (Honda) está falando com ele. Se eu pudesse, como uma pessoa que gosta da família Senna, dizer algo eu, diria para não vir para cá como piloto. E nem é pelo meu caso. Com a pouca experiência do Bruno seria queimar um cartucho", afirmou Rubinho.

Bruno Senna está cotado para ser o companheiro de Jenson Button na Honda em 2009. O piloto tornou-se vice-campeão da GP2, disputou bom campeonato, mostrou talento, o sobrenome Senna ainda é forte na Honda e no Japão e seria, portanto, uma solução que agradaria a muitos interesses.

Barrichello não especifica as razões de não ser uma boa opção para Bruno competir pela Honda. "O Nelsinho é um grande exemplo, quis queimar tudo num ano podendo ser campeão do mundo." Rubinho vive a ansiedade de saber se os dirigentes da Honda, Nick Fry e Ross Brawn, o confirmarão no time em 2009. "Eu nunca passei por essa situação. Sempre, bem antes do fim do campeonato, eu já estava de contrato assinado e até agora não tenho nada." E avisou: "Não estou preparado para a aposentadoria, não penso nisso, trabalho com a possibilidade de continuar correndo."

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Apesar de matematicamente até o alemão Nick Heidfeld, da BMW, quinto colocado com 56 pontos, poder ser campeão, na prática a luta pelo título se restringe a dois pilotos: Lewis Hamilton, da McLaren, com 84, e Felipe Massa, da Ferrari, com 77. Na madrugada de amanhã, às 2 horas (de Brasília), será disputada a sessão que definirá o grid do GP do Japão, no circuito de Monte Fuji, antepenúltima prova da temporada.

Hamilton e Massa afiam as armas para o duelo final. A mesma breve série de perguntas foi feita aos dois pilotos ontem, na pista japonesa. E as respostas surpreendem pelo nível de respeito que um tem pelo outro.

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O que o seu adversário apresenta como principais características marcantes? "Eu não vejo um ponto particular que seja o forte de Felipe. Ele cresceu muito como piloto em todas as áreas, passou a ter uma leitura incrível de tudo o que cerca a corrida", diz Hamilton.

Massa também destacou a capacidade do concorrente. "Lewis é extremamente talentoso, agressivo, o que é importante, embora por vezes pagamos por isso. Lewis também não desiste nunca." Qual a sua estratégia para ser campeão? "Não posso dizer, mas vou correr mais pelo campeonato. Sinto-me bem mais preparado que ano passado. Nessa época do ano estava esgotado", falou Hamilton. O inglês, então estreante na Fórmula 1, perdeu um título certo.

Massa é o típico sujeito prático: "Não tem muito o que pensar, preciso somar mais pontos que Hamilton nas três corridas. Se eu for primeiro e o Kimi segundo em todas as provas, ficaremos com o título", explicou Massa, dando a entender que o companheiro de Ferrari poderá ter papel decisivo daqui para a frente. Raikkonen soma 57 pontos, quarto colocado.

Com o GP do Japão, no domingo, com largada às 1h30 (de Brasília), restam três etapas para o encerramento da temporada. Os dois pilotos dizem o que prevêem daqui para a frente. "Nós fomos muito rápidos aqui ano passado, vencemos na chuva, e agora nosso carro é ainda melhor. Já as provas na China e no Brasil podem vir a ser mais favoráveis à Ferrari", analisa Hamilton. "Há uma curiosidade também. A McLaren melhorou o carro para essas pistas em que não era tão eficiente, assim como a Ferrari. A batalha será muito próxima."

Correr em traçados em que a exigência de pressão aerodinâmica (downforce) não é a máxima e, da mesma forma, não é mínima, representa a especialidade da Ferrari, segundo Massa. "Tanto aqui em Fuji, como depois Xangai e Interlagos são pistas de downforce médio, o que casa muito bem com o F2008", comenta, entusiasmado. Lembrou que a Ferrari venceu com Raikkonen, ano passado, na China e no Brasil, e no treino com asfalto seco, em Monte Fuji, foi muito veloz.

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Fale de seu momento como piloto e pessoa. "Sinto-me muito mais bem preparado que em 2007, em todos os sentidos. Quando viemos para cá, no Japão, eu estava extenuado e excitado, sem compreender a magnitude de tudo que me envolvia", conta Hamilton. Estava prestes a ser campeão do mundo na temporada de estréia na Fórmula 1.

"Até hoje, quando assisto às imagens da corrida da China e vejo meu carro parado na entrada de box...Cometi muito erros", explica o inglês. "Agora tudo é diferente, fisicamente sinto-me bem mais forte, estou muito mais centrado, falo bem menos de antes." Massa, como o adversário, nunca se viu também tão preparado para ser campeão. "Estou em boa forma, física e mental." Embora o objetivo dos dois seja o mesmo, conquistar pela primeira vez o título, a relação entre Hamilton e Massa é cortês.

"Às vezes ele vence, outras eu. Nos damos bem, nos respeitamos, acho que continuará assim, o que é ótimo para o esporte", afirma Hamilton, claramente deixando no ar o profundo desgaste vivido com Fernando Alonso, na McLaren, ano passado. A vez de Massa falar: "Ele já me ultrapassou, eu dei o troco, tivemos belos pegas. Disputamos o mesmo espaço, mas com Hamilton não é difícil manter o bom nível de relacionamento que temos, eu o admiro como piloto e pessoa."

Na TV

Treino classificatório para o GP do Japão, às 2 horas (de amanhã), na RPC TV.

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