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Rubens Barrichello brinca com o colega de equipe, Jenson Button: restando duas provas, o inglês tem 14 pontos de dianteira | Orlando Kissner/AFP
Rubens Barrichello brinca com o colega de equipe, Jenson Button: restando duas provas, o inglês tem 14 pontos de dianteira| Foto: Orlando Kissner/AFP

Diário de Interlagos

Nicolas França, enviado especial

Cobaias

Os primeiros carros foram para a pista de Interlagos ontem. Mas nada de Barrichello, Button e Cia. Apenas o safety car e o veículo médico deram várias voltas no circuito. Ajudaram assim a testar o posicionamento das câmeras para a transmissão ao vivo e o sistema de cronometragem.

Desatualizado

Na tela que mostrará os tempos dos pilotos a partir dos treinos livres de hoje ainda constava o nome de dois pilotos dispensados por suas equipes no meio da temporada: o brasileiro Nelsinho Piquet (Renault) e o francês Sebastien Bourdais (Toro Rosso) – além de dois que ficarão de fora do GP do Brasil por causa de acidentes, o brasileiro Felipe Massa (Ferrari) e o alemão Timo Glock (Toyota).

Clima

O tempo instável em São Paulo, sem uma previsão certa para os treinos e a corrida, foi um dos principais assuntos nas entre­­vistas dos pilotos ontem. Todos dizendo que é muito complicado traçar uma estratégia sem saber exatamente em que momento precisarão de pneus de chuva.

Sem rusgas

Entre as entrevistas no paddock, a mais concorrida foi a do espanhol Fernando Alonso, ainda na Renault, mas já acertado com a Ferrari para 2010. Tudo por causa das declarações do futuro compa­­nheiro Massa, de que sabia da armação feita por sua equipe que lhe rendeu a vitória em Cinga­­pura no ano passado. Mas ele apenas desconversou e colocou panos quentes na situação.

Vale tudo

Na luta para conseguir boas imagens, algumas cenas engraçadas são vistas no paddock. Por exemplo, um câmera tendo de ser puxado pela calça para manter o equilíbrio enquanto andava de costas para filmar a caminhada de Rubens Barrichello.

  • O câmera foi

São Paulo - Os desestímulos vinham de toda parte. Amigos achavam que ele estava ficando louco. Felipe Massa chegou a aconselhá-lo que deixasse a Fórmula 1. A própria esposa admitiu que em certo momento não acreditava mais na permanência. Porém Rubens Barrichello continuou firme e, quase um ano depois do difícil período de incertezas, estava feliz e descontraído ao receber a imprensa escrita brasileira para uma conversa nas dependências da Brawn GP no paddock de Interlagos. Contar essas passagens, como ontem, se tornou até divertido para o piloto.

"Quando finalmente veio o telefonema do Ross (Brawn, dono da equipe), confirmando a minha vaga, dei um abraço na Silvana, minha mulher, e ela falou que já não acreditava mais", contou Rubinho, após falar das agruras pelas quais passou ao ficar temporariamente sem carro com a saída da Honda da categoria no fim de 2008.

E não era só ela que havia se acostumado com a ideia de vê-lo parar. No começo da semana, Massa – ainda afastado das pistas por causa do acidente na Hungria – revelou que chegou a aconselhar Rubinho a deixar a F1. Estava preocupado com a intenção do amigo de ir para qualquer equipe só para seguir correndo. "O Felipe me abraçou e chamou para conversar. Pa­­recia meu pai. Falou ‘você quer o quê? Continuar ficando em 15.º?’", disse, dando risada ao comparar Massa com Rubão.

Sem falar em quem acompanhava mais de longe e não entendia a insistência. "Logo que saiu a notícia (de que a Brawn substituiria a Honda e ele seria um dos pilotos), um amigo me mandou um e-mail dizendo ‘Parabéns! Achei que você tinha ficado louco’", lembrou.

Ao chegar à penúltima etapa da temporada com chances de ser campeão – apesar da considerável diferença de 14 pontos para o companheiro de equipe Jenson Button – Barrichello, aos 36 anos, tem certeza de que teria perdido algo especial se tivesse dado ouvidos a todos. "Sempre sonhei com esse momento de o Brasil inteiro torcendo, mais do que nunca, por mim", comemora, apesar da consciência de que o título está difícil. "Mas já foi um ano vencedor. Acima de tudo quero lutar pela vitória aqui."

No GP do Brasil do ano passado, guiando um péssimo carro, ele teve de suportar até a campanha "Bate nele, Rubinho!". Outra história que virou apenas motivo de graça para o piloto. "Como falavam para eu bater no Ha­­milton (e ajudar Felipe Massa a ser campeão), agora já teve gente me falando pelo Twitter que estava torcendo para o Massa voltar e bater no Button."

É pela rede de microblogs que ele tem recebido a maior parte das mensagens de apoio. Sem falar nas secadas dirigidas ao inglês. "Brasileiro tem um pouco disso, né? Muitos me desejam boa sorte e acabam falando algo dele também. Tomara que bata, não chegue, ou algo assim...", descreveu.

Completamente envolvido na disputa, ele só prefere não falar sobre o futuro ainda. Enquanto a imprensa dá como certa sua ida para a Willians em 2010, apenas diz, de certa forma acatando aquele conselho de Massa, que "o importante é continuar com um carro competitivo."

Ao vivo

Treino do GP do Brasil, às 10 h, no SporTV; e às 14 h no SporTV 2.

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Líderes fazem jogo de empurra

O primeiro duelo entre os três pilotos que sobraram na disputa pelo título mundial de Fórmula 1 foi ontem, na sala de imprensa do Autódromo de Interlagos. Ou me­­lhor. Um jogo de empurra. Se­­bas­­tian Vettel quis colocar a pressão nos pilotos da Brawn. O líder Jen­­son Button a dividiu com os concorrentes. Rubens Barrichello, por fim, a mandou para o passado.

Com uma desvantagem de 16 pontos para Button e 2 para Bar­­ri­­chello, o alemão da equipe Red Bull começou dizendo que a única coisa que pode fazer é vencer. "To­­da a pressão está sobre esses caras aqui na minha frente", afirmou Vettel, sentado uma bancada atrás dos rivais.

Neste momento, o inglês, muito perto do título, dava de ombros. "Não é bem assim. Acho que é igual para os três. Todos estão brigando pelo título. É a primeira vez para mim, para Vettel e, talvez, para Rubens", declarou, possivelmente lembrando que o companheiro não chegou a lutar diretamente com Michael Schumacher em 2002 e 2004, anos nos quais foi vice-campeão. Fazendo questão de demonstrar tranquilidade, ele admitiu estar apenas muito ansioso pela definição do campeonato.

Barrichello, por sua vez, disse que no ano passado, sim, estava tenso e preocupado. "Naquela época cheguei aqui sem emprego. Era uma situação muito difícil. Não sabia se voltaria", afirmou, negando uma possível distração por causa das notícias de que irá para a Williams em 2010. Minimizando a pressão, ele e Button chegaram a dizer que o mais importante, no momento, é garantir o título de construtores para a Brawn GP.

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