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O sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro não apenas jogou por terra todas as previsões pessimistas, mas também provou que é possível realizar uma competição repleta de emoção até o fim. À exceção de 2003, quando a fórmula foi colocada em prática e o Cruzeiro conquistou o título com ligeira folga, o Brasileirão chegou à última rodada com torcidas segurando o grito de "É campeão", rezando contra o fantasma do rebaixamento ou sonhando com seu time numa competição internacional.

Uma emoção bem parecida será conhecida na disputa da Série B em 2006 - fora a luta por vagas na Taça Libertadores e na Copa Sul-Americana, é claro. A Futebol Brasil Associados, que organiza a segunda divisão do futebol brasileiro, já revelou que a fórmula será adotada na próxima temporada. Ainda não é oficial, mas em entrevista ao Globoesporte.com o presidente da FBA, José Neves Filho, deixou claro que é apenas uma questão de detalhes.

"Pensamos na fórmula de pontos corridos para 2005, mas não conseguimos viabilizá-la justamente porque é mais cara. Por isso optamos por segurar mais um pouco. Agora, já garantimos cobrir as despesas básicas, como transporte, passagem e alimentação, com patrocinadores e direitos de imagem, mas queremos dar uma cota aos participantes, como faz o Clube dos 13."

O dirigente explica as chances de a Série B ter turno e returno, com 38 jogos, e revela seu entusiasmo com o fortalecimento do campeonato, que no próximo ano terá mais dois campeões brasileiros: Atlético-MG e Coritiba. José Neves, inclusive, já assumiu um compromisso com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o secretário geral da entidade, Marco Antônio Teixeira.

"Estamos conversando com a televisão e acredito que vamos conseguir. Tenho de chegar à CBF com tudo certo. Há noventa por cento de viabilizar a competição, pois o campeonato cresceu em importância, tem apresentado grandes públicos. Além disso, agora teremos um time do Paraná e outro de Minas Gerais. Aliás, sempre temos alguma equipe do Clube dos 13 e hoje sete estão nas divisões de baixo - disse o presidente, referindo-se a Atlético-MG, Coritiba, Guarani, Portuguesa e Sport, além de Bahia e Vitória, que disputarão a Série C.

José Neves lembra que o sobe e desce de grandes clubes reflete a democracia do futebol brasileiro. Segundo ele, a razão é o equilíbrio entre os clubes menores que vêm se preparando melhor e os grandes que estão se descuidando na parte administrativa e na organização.

"Alguns clubes têm torcida e camisa, mas falta estrutura. Antigamente o Flamengo ia jogar no Piauí e vencia de dez os times de lá, mas hoje é diferente. Os times pequenos estão mais bem preparados. O Santa Cruz (vice-campeão da Série B) levou três anos para subir, e chegou à elite bem estruturado. Se não for assim, vai e volta."

Apesar disso, as duas últimas edições da Série B mostraram que os grandes ainda levam vantagem. Como Botafogo e Palmeiras em 2003 e o Grêmio este ano. Isso, no entanto, pode mudar com a competição sendo disputada em pontos corridos. José Neves aponta o motivo.

"Os melhores estão subindo, mas no atual sistema pode acontecer uma injustiça. Com turno e returno, não. O campeonato vai premiar regularidade, o trabalho. Não adianta montar o time em abril ou durante a competição", diz o dirigente, lembrando outra razão por que alguns clubes começam o ano enfraquecidos. "No dia dez de setembro, quatorze clubes pararam. Ficando fora da fase final, eles têm de reduzir a folha salarial, pagar indenização, ou seja, começar do zero."

A aposta num maior equilíbrio começa já em 2006. José Neves acredita que Galo e Coxa não terão vida fácil e que os exemplos dos dois anos anteriores podem não se repetir. As equipes não são favoritas absolutas a duas das quatro vagas para a elite em 2007.

"Posso falar times que estão crescendo. O Santo André está se reforçando, o Paulista vai disputar a Libertadores...", cita o presidente, que não pensa duas vezes na hora de apontar os principais adversários de Atlético-MG e Coritiba. "O Náutico chegou perto duas vezes. Ceará, Avaí e Santo André vêm fazendo um bom trabalho."

E o que aconteceu com o Náutico? Dificilmente o clube pernambucano terá uma chance tão clara de voltar à Série A do Campeonato Brasileiro.

"Aquilo foi inacreditável. Se daqui a cem anos contarem o que aconteceu naquele dia, qualquer um vai achar que é brincadeira. O time tinha quatro jogadores a mais em campo e um pênalti a seu favor, mas perdeu o jogo e a vaga. O Náutico perdeu para ele mesmo", finalizou José Neves.

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