Saiba onde fica Jacarezinho| Foto:

O Brasil repete o roteiro de 16 anos atrás na Copa América da Venezuela, que começa amanh㠖 a estréia verde-amarela será no dia seguinte, contra o México. Sem sua formação mais forte, buscando a renovação após uma Copa do Mundo decepcionante e sob a tutela de um treinador de primeira viagem, exatamente como em 1991, no Chile, a missão do grupo escolhido por Dunga é dar um novo final a um filme com cara de reprise.

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No início da década de 90, o treinador era outro atleta que migrou do campo para o banco da Amarelinha sem experiência na função. Paulo Roberto Falcão, ídolo no Internacional como Dunga, levou ao Chile um time com apenas quatro jogadores que atuavam fora do país, mesma estratégia de Argentina, Paraguai e Uruguai.

A mãozinha inimiga não adiantou muito. Na primeira fase, a seleção foi atropelada pela Colômbia e precisou de um gol de Luís Henrique nos minutos finais contra o Equador para se classificar. No quadrangular final, derrota para a Argentina e um melancólico vice-campeonato, que fez a CBF descumprir a promessa de manter Falcão no cargo, independentemente do resultado.

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Dunga chega à Venezuela com a mesma garantia de emprego até a Copa do Mundo, no caso a de 2010, na África do Sul. Ainda em busca de um esquema eficiente, ele terá de se virar sem a genialidade individual de Ronaldinho e Kaká, que poderia ajudar a compensar a mais que evidente falta de conjunto do time.

Nos 11 jogos sob orientação do capitão do tetra, o Brasil obteve sete vitórias, três empates e uma derrota. Só empolgou no 3 a 0 sobre a Argentina.

Para cobrir a ausência das estrelas, Dunga aposta em jogadores do segundo escalão europeu, como o atacante Afonso (do Heerenveen-HOL) e o volante Fernando (Bordeaux-FRA). Para chamá-los, cedeu à seleção que vai disputar o Mundial Sub-20 as revelações Lucas e Alexandre Pato.

"Não estou gostando da seleção. Continuamos como na Copa: com bons jogadores, mas sem um bom time. O papel do técnico na questão tática e técnica é muito importante. Antigamente, bastava colocar 11 em campo que eles jogavam; hoje não é mais assim", reclamou o ex-jogador Sócrates.

Para o comentarista da ESPN Brasil Paulo Vinícius Coelho, Dunga pode ter um destino diferente, sobrevivendo ao torneio mesmo sem ser campeão. "Tem de chegar à semifinal sem sustos, dando a noção que se está montando um time. Em 1991, o Falcão foi vice-campeão, mas o time levou um susto do tamanho do mundo, se classificando para o quadrangular final graças a um gol no último minuto contra o Equador", lembrou.

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Na opinião do jornalista, porém, outro ponto pode pesar na continuidade do ex-volante à frente da seleção: o temperamento. "O Falcão era mais maleável. Já o Dunga está muito sanguinolento. Isso pode pesar", opinou.

Um complicador para a situação do treinador gaúcho é a concorrência. A Argentina vai completa ao torneio e sedenta pela chance de se vingar. Em 2004, de maneira deliciosamente injusta, a amarelinha sem suas estrelas faturou o título em cima dos hermanos, nos pênaltis, com direito a gol de empate no último minuto. No ano seguinte, a ira alviceleste aumentou com o título da Copa das Confederações, perdido com goleada por 4 a 1 na final. Uruguai e México, sempre perigosos, também optaram por usar força máxima.