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Como levar de um lado para o outro os cerca de 500 mil turistas que a África do Sul espera receber durante a Copa do Mundo, em um país onde o transporte público é precário? Essa é uma das principais dúvidas quando o assunto é o Mundial de 2010. O tema é importante, considerando que somente a Cidade do Cabo deve hospedar entre 120 mil e 300 mil deles. O resquício do apartheid, que não permitia a movimentação dos negros dentro da área destinada aos brancos, ainda é sentido 15 anos após o fim do regime. Faltam trens, faltam ônibus, faltam rotas! Para Ronald Kingman, porta-voz do Departamento de Transportes da Cidade do Cabo, o grande desafio não é aumentar a frota para o torneio da Fifa, mas integrar os meios de transporte.

"O maior de todos os problemas é sintonizar esses canais, o que, infelizmente, vai demorar muitos anos. Como não será possível fazer isso até junho do ano que vem, vamos tentar suprir a necessidade mais urgente", disse Kingman, citando reformas nas estações e a construção de mais veículos.

Como a Copa do Mundo já esta aí e os turistas não vão esperar o país se arrumar, a medida mais sensata mesmo é incrementar o número de ônibus, táxis e "minibus", que se proliferam na Cidade do Cabo.

"Há cerca de mil ônibus, mil taxis e oito mil "minibus" (van) rodando pela cidade", listou Ronald, referindo-se ao número de credenciados pelo governo, cujo contingente é bem inferior ao que de fato roda pela cidade.

"Há muitos motoristas que operam em outras rotas por conta própria. Eles são tantos que é impossível mensurar. A gente não tem uma conta aproximada..."

Dos três transportes mais utilizados, o minibus é o que mais atende à população. Uma viagem no veículo do centro ao estádio sai por 5 rands (R$ 1,22), de ônibus, por 4,80 rands (R$ 1,17). O trem é um pouco mais em conta do que isso, porém ele não leva ao estádio. O bilhete de um vagão mais barato é 3,50 rands (R$ 0,85), o plus (vagões em melhores condições), 5,50 rands (R$ 1,34).

Para melhorar todo o sistema de transporte, o orçamento é alto. São 8,4 bilhões de rands (R$ 2,04 bilhões) para reformar estações de trem, rodoviária, aeroporto, ciclovias, rodovias e ajudar na construção de novos ônibus, táxis e transportes especiais para os turistas.

"Para a Copa do Mundo, teremos mais 200 novos ônibus, além de cerca de 30 duplos com rotas especiais para os turistas", disse Ronald.

As pessoas que usam cadeiras de rodas vão chegar ao estádio em ônibus especiais que, hoje, têm capacidade para atender 2.000 pessoas. Nos trens, melhoria apenas dentro dos vagões que, aos poucos, ganham poltronas novas.

"O trem é muito antigo. Não temos como preparar uma nova ferrovia. Estamos fazendo reparos dentro dos vagões e nas estações", explicou o chefe do setor, acrescentando que a freqüência também vai aumentar.

"Para alguns destinos, as pessoas perdem muito tempo. Vamos rever isso também", prometeu Ronald, completando que durante os oito jogos na Cidade do Cabo, o transporte público estará disponível das 17h até 1h da madrugada.

A cidade que transporta 600 mil passageiros por dia corre contra o tempo para evitar contratempos de logística que, certamente, iriam enfurecer turistas. Para chegar ao estádio do Green Point, eles terão sim muitas opções. A dúvida é se vão poder contar com ela.

"Os visitantes vão escolher a maneira mais prática de chegar. Dependendo da área, é questão de minutos."

Sim, pelo menos isso. O estádio fica a 2,5 km do centro da cidade e a dez minutos do Waterfront, áreas abarrotadas de turistas. De olho no calendário da Fifa, Ronald teme apenas o jogo do dia 21 de junho.

"Nossos ônibus são os piores do país", diz autoridade da Cidade do Cabo

"É um horário bem complicado. O jogo vai começar às 13h30m. As pessoas vão sair do estádio, ficar pela cidade e na hora de voltar para a casa vão pegar muito tráfego", explicou o profissional sobre a hora do rush, que na Cidade do Cabo começa bem mais cedo do que o nosso: antes das 17h, o trânsito para.

Sobre a modalidade a usar, ele sugere:

"Os nossos ônibus são os piores do país, mas os táxis estão em primeiro lugar."

Para sinalizar, a cidade vai distribuir placas, especialmente, para o evento, indicando como chegar ao estádio. Para testar se todo o projeto mostrado dará certo, Ronald lembra que, antes da Copa, a cidade vai promover três grandes eventos.

"Nesses momentos, vamos testar tudo para conferir o trabalho em conjunto e corrigir os erros."

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