Três anos depois, Atlético volta a abrir as portas do CT para imprensa e torcedores

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Quase três anos depois da determinação que restringiu o acesso dos jornalistas ao clube, o portão do CT do Caju voltou ontem a ser aberto à imprensa. Profissionais de jornais, emissoras de rádio e televisão puderam assistir integralmente, de uma área predeterminada ao lado do campo seis do centro de treinamento, ao jogo-treino entre Atlético e Batel, de Guarapuava. O Rubro-Negro goleou o time do interior por 9 a 0, com gols de Rafael Moura (3), Júlio César (3), Jorge Preá, Wallysson e Rafael Santos.

O posicionamento adotado pelo presidente do Conselho Administrativo do Furacão, Marcos Malucelli, marca o início de um novo relacionamento entre Atlético e imprensa. O distanciamento irá diminuir. Haverá um relaxamento na regra que permite aos profissionais acompanhar apenas parte dos trabalhos, duas vezes por semana. Apelidada informalmente de "Lei da Mordaça", a restrição vigorava desde 7 de março de 2006, período em que o clube ganhou grande projeção na mídia por causa da presença do alemão Lothar Matthäus no comando técnico.

"É uma tendência. (O jogo-treino ter sido acompanhado) Não é um fato isolado. Não quer dizer que iremos abrir todos os treinos, mas não há dúvida de que vocês terão mais acesso", afirmou Malucelli, cujo mandato teve início em dezembro.

Um dos principais interlocutores do novo presidente, o técnico Geninho desempenhou papel essencial no estreitamento das relações. Foi o treinador, inclusive, que na terça-feira anunciou o fim da ruptura. "Existindo o respeito mútuo – e ele existe –, todo mundo pode trabalhar. O torcedor precisa ser informado de tudo o que acontece no Atlético", disse ele.

Lá dentro, foi possível perceber um clima de congraçamento. "O Atlético mudou" e "o dia é histórico" foram as frases mais ouvidas nas rodas de jornalistas. Seis torcedores, três da organizada Os Fanáticos e três da Ultras, principais facções ligadas ao Furacão, convocados pela diretoria, deram um ar de "jogo sério" ao treino. Duas faixas, uma de cada uniformizada, foram estendidas atrás do gol de entrada do CT. Já outros fãs, impedidos de entrar, se espremeram em frente ao local para acompanhar ao menos parte da movimentação – a diretoria havia informado que acesso seria controlado.

Os atleticanos puderam ver o esboço do novo velho Rubro-Negro. A base do ano passada acabou preservada, sem alteração também no sistema de jogo com três zagueiros, hipótese levantada por Geninho. Apenas o volante Alan Bahia, emprestado ao Vissel Kobe (Japão), deu lugar ao paraguaio Julio dos Santos. A escalação deve ser repetida no domingo, contra o Rio Branco, em Paranaguá, na largada do Estadual.

Aposta de Geninho para dar mais mobilidade ao meio-de-campo, ajudando Ferreira na criação, Julio se destacou ontem. Menção também à dupla de ataque Júlio César/Rafael Moura. "Ainda estamos buscando o encaixe ideal, mas gostei da movimentação", avaliou o técnico, cercado por alguns torcedores. O dia foi histórico.