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A professora Catherine Pakaluk, da Universidade Católica da América, lançou uma hashtag com a fotografia na qual vestia sua beca, e estava rodeada por seis dos seus “oito filhos por opção”. Pakaluk tem mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard | Reprodução Twitter
A professora Catherine Pakaluk, da Universidade Católica da América, lançou uma hashtag com a fotografia na qual vestia sua beca, e estava rodeada por seis dos seus “oito filhos por opção”. Pakaluk tem mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard| Foto: Reprodução Twitter

Nos últimos meses, o presidente francês Emmanuel Macron recrudesceu seu discurso ao afirmar novamente em público que a fertilidade humana – especialmente no continente africano – é reflexo da ignorância e opressão.

Enquanto discutia demografia africana num evento da Fundação Bill e Melinda Gates em Nova Iorque, Macron disse: “Apresente-me qualquer mulher que decidiu – sendo perfeitamente educada – ter sete, oito ou nove filhos... isso só acontece porque muitas jovens não foram educadas a contento, às vezes porque alguns desses países decidiram que os direitos dessas moças não eram exatamente os mesmos direitos que os dos rapazes”. 

Nossas convicções: Defesa da vida desde a concepção

Macron, que não tem filhos, muitas vezes critica as altas taxas de fertilidade dos países africanos. Desta vez, mães educadas do mundo inteiro ficaram ofendidas com as observações de Macron, e começaram a divulgar suas realizações ao lado de fotos das suas famílias no Twitter, com a hashtag #PostcardsForMacron. 

A professora Catherine Pakaluk, da Universidade Católica da América,  lançou uma hashtag com a fotografia na qual vestia sua beca, e estava rodeada por seis dos seus “oito filhos por opção”. Pakaluk tem mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard

“Na verdade, justamente PORQUE fui educada, tivemos a inteligência e a sabedoria para compreender o valor supremo de estar aberto à vida”, escreveu Shannon Jones, ao lado de uma foto dela, do marido e dos seus sete filhos. Christopher Scalia, filho do falecido juiz da Suprema Corte Antonin Scalia e de Maureen McCarthy Scalia, escreveu sobre sua mãe: “Bacharel em Língua Inglesa pela Universidade de Radcliffe. Nove filhos. 39 netos. Dois bisnetos”. O ugandês Eric Kigozi publicou uma foto da sua mulher, “médica e mãe de sete” e fixou a imagem no feed de seu Twitter. 

Nossas convicções: O valor da família

O discurso de Macron marcou o lançamento do relatório anual “Goalkeepers”, dos Gates. A Fundação Gates é a mais rica do mundo, e Melinda Gates fez da redução da fertilidade – normalmente por meio do acesso a contraceptivos – uma de suas prioridades em termos de gastos. 

Em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, as pessoas mais pobres tendem a ter mais filhos, enquanto os mais ricos tendem a ter menos. Segundo o relatório “Goalkeepers” deste ano, essa realidade contra-intuitiva representa uma crise global, não porque aqueles que estão em melhor posição para criar a próxima geração estão fugindo do seu dever civilizacional, mas porque “mais bebês estão nascendo nos lugares onde é mais difícil levar uma vida saudável e produtiva”. De acordo com o relatório, isso significa que a incrível redução da pobreza em nível mundial nos últimos cinquenta anos pode ser revertida. 

Nossas convicçõesA importância do casamento

Este é, de fato, um problema para as economias mais ricas do mundo, que financiam programas previdenciários governamentais com montanhas de dívidas. Os programas norte-americanos Medicaid e de Seguridade Social, por exemplo, consomem 62% das despesas federais anuais. Seus fundos gestores estarão vazios num prazo estimado de 8 anos para o Medicaid e de 16 anos para a Seguridade Social, de acordo com o seu último relatório de gestão. A maior parte das economias de primeiro mundo depende do aumento da população para cumprir as promessas (quebradas) feitas às gerações mais velhas. 

Os índices globais de natalidade caíram pela metade desde os anos 60. Alguns países chegaram a atingir índices a partir dos quais nenhuma civilização jamais se recuperou. Embora a África seja alvo de controle populacional, as regiões do Norte de África e Oriente Médio têm, na realidade, um índice de natalidade de três crianças por mulher, e a África subsaariana tem uma média abaixo de cinco. É provável que o índice em ambas as regiões diminua ainda mais sem intervenção estrangeira. 

Nossas convicções: A valorização da mulher

Há muitas explicações para a queda na natalidade: contracepção, participação da mão-de-obra feminina no mercado e o custo da criação de filhos. Os governos tentaram todo tipo de iniciativa, desde subsídios para um terceiro filho na Itália até dias de folga obrigatórios na Coreia do Sul, para dar aos casais mais tempo para as relações sexuais que, com alguma esperança, resultarão em procriação. Infelizmente, essas iniciativas tiveram pouco êxito. 

Isso se deve, em parte, a uma barreira psicológica raramente discutida. Ondas de feminismo cultural coincidem com as menores taxas de natalidade dos EUA. Segundo pesquisas, as pessoas se preocupam que crianças as impedirão de fazer o que quiserem com o seu tempo e dinheiro. A mensagem típica dos ocidentais aos jovens é: conquiste uma carreira e vida financeira estável antes de ter filhos; porém, isso impede a maioria das mulheres de ter mais de dois filhos, uma vez que a fertilidade diminui drasticamente a partir dos 35 anos. 

Isso significa que #PostcardsForMacron é o tipo de mensagem de celebração da vida que todas as mulheres precisam de ouvir. Ela mostra que filhos e crescimento pessoal não são excludentes nem concorrentes. Eles podem cooperar numa vida repleta de amor, aventuras, surpresas e desafios. 

Joy Pullmann é editora executiva do The Federalist e mãe de cinco crianças com menos de oito anos.

©2018 First Things. Publicado com permissão. Original em inglês
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