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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Ao chegar ao local onde passaria o Natal com a família, em Balneário Camboriú (SC), Waldir Antonio Bragagnolo, 60 anos, descobriu ter sido enganado. O imóvel que alugara diretamente com um homem que se apresentava como proprietário, com piscina, pátio espaçoso e churrasqueira, na realidade, pertencia a outra pessoa e nunca esteve disponível.

Lista: Dicas para evitar uma cilada e garantir uma boa escolha

Ao se dar conta de que caíra em um golpe, os R$ 1,5 mil perdidos, pagos como adiantamento, foram apenas um dos pontos a lamentar: o transtorno para encontrar outra casa em meio à altíssima temporada, a frustração da família e a sensação de ter sido ludibriado pesavam sobre o morador de Caxias do Sul, que viajara com mais seis familiares.

“Um amigo havia tomado conhecimento desta oferta e me passou o contato do homem que se dizia dono. Quando fiz contato por telefone, ele foi muito convincente e mandou fotos internas. Até fiquei receoso de pagar antes, mas assumi o risco para garantir o negócio. Acabei enganado”, diz Waldir.

A farsa na qual Waldir caiu em dezembro está longe de ser um fato isolado. Problemas com aluguel de temporada são comuns e costumam ocorrer quando o contrato é feito fora de imobiliárias, fechadas diretamente entre o golpista e a vítima. Com a propagação de aplicativos e sites de anúncio, aumentaram também as ofertas enganosas, que sempre existiram em classificados de jornais.

“Os golpes costumam envolver ofertas em cidades distantes, para evitar que a vítima consiga ir pessoalmente conferir o imóvel”, diz o delegado Leonel Baldasso Pires, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Cachoeirinha e autor do livro Golpes e Fraudes.

No ano passado, Baldasso capitaneou uma equipe que prendeu três suspeitos de aplicar o golpe do aluguel em Balneário Camboriú e Torres. Eles publicavam fotos falsas de imóveis em redes sociais e classificados, informando endereço nos locais mais valorizados dessas praias. Chegando ao local, as vítimas descobriam que os imóveis não existiam ou não estavam disponíveis para locação. No total, foram ludibriados pelo menos 20 veranistas.

Leia também: Airbnb causa guerra entre síndicos e moradores de condomínios

“A melhor forma de se prevenir é ir até o imóvel ou pedir a alguém que more próximo para fazer esta visita. Se não for possível, é sempre mais seguro fazer o aluguel por intermédio de uma imobiliária”, afirma Baldasso.

O delegado sugere que, se cair em golpe do gênero, a pessoa registre queixa em uma delegacia local.

Dicas para evitar uma cilada

- Desconfie de ofertas que chegam por whatsapp ou são compartilhadas em redes sociais, principalmente pelo Facebook. É mais seguro alugar por meio de imobiliárias e, em segundo lugar, por sites conhecidos como Booking e Airbnb, sempre levando em conta a avaliação e os comentários de outros consumidores.

- Tente descobrir se alguém já alugou o local antes e como foi a experiência.

- Antes de acertar o aluguel, procure ir até o local e falar diretamente com o proprietário. Isso evita o risco de pagar pelo aluguel de um imóvel que, na realidade, nunca esteve no mercado. Se não tiver condições, peça para que um amigo ou conhecido que more mais próximo o faça. Outra possibilidade é descobrir o telefone do local e falar com o porteiro ou zelador, se é um apartamento, ou com algum vizinho, caso seja uma residência.

- Se o suposto proprietário desconversar quando você der a ideia de ir pessoalmente ao local antes de fazer o acordo, pode ser sinal de que algo vai errado.

- Fique atento aos indícios de golpe: geralmente, correspondem a imóveis em praias mais distantes. Além disso, o valor desses imóveis costuma ser muito mais baixo do que a média do mercado.

- Peça para ver fotos de dentro do imóvel. Lembre-se de que, para o golpista, é muito fácil tirar fotos externas e publicar um anúncio como se a casa fosse sua. Mas fique atento: a existência de fotos internas não garante que o negócio é seguro.

E se algo der errado?

- Se as condições da casa forem diferentes do que foi prometido, o locatário tem o direito de exigir a devolução do valor pago, como garante o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor.

- Para receber o dinheiro de volta, o inquilino precisa desistir de ficar no imóvel. Se optar por permanecer no local, o consumidor pode negociar um abatimento no preço, proporcional à queda na qualidade das características ofertadas.

- Em caso de desacerto com o proprietário, procure o Procon ou o Juizado Especial Cível (JEC). Mas se perceber que caiu em um golpe vá até a delegacia mais próxima registrar ocorrência.

- Na avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), sites de aluguel de temporada como Airbnb e Booking.com, que realizam todo o trâmite de contratação, inclusive de pagamento, podem ser responsabilizados por problemas com a locação. O delegado Leonel Baldasso discorda, uma vez que esses sites são apenas meios de publicação.

Como garantir uma boa escolha

- Informe-se sobre o histórico do imóvel. Busque referências com amigos ou confira comentários na internet de outros clientes que já se hospedaram no local.

- Informe-se sobre as condições de acesso ao local e a infraestrutura da região: se há padarias, açougues, supermercados próximos, bem como as condições de segurança do imóvel. Consulte o endereço no Google Maps, ou ferramentas similares, e veja a distância do local até os principais pontos que pretende visitar.

- Caso a locação seja feita diretamente com o proprietário, sem intermediação de uma imobiliária, faça um contrato detalhando o que foi tratado verbalmente, como as datas de entrada e saída do imóvel, nome, número de documentos (como CPF e identidade) e endereço do proprietário, preço e forma de pagamento, local de retirada e entrega das chaves.

- Da mesma forma, faça um inventário do que há no imóvel. Detalhe o estado das portas e dos móveis, a quantidade de louça, o funcionamento de itens eletrônicos etc. Entregue uma cópia para o proprietário.

- Evite pagar todo valor antecipadamente, perdendo assim o poder de negociação para uma eventualidade no imóvel.

Fontes: Idec, Zap Imóveis e delegado Leonel Baldasso.

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