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Manifestantes usam máscaras de líderes do G7: Theresa May, do Reino Unido; Shinzo Abe, do Japão; Donald Trump, dos EUA; e Emmanuel Macron, da França | LARS HAGBERGAFP
Manifestantes usam máscaras de líderes do G7: Theresa May, do Reino Unido; Shinzo Abe, do Japão; Donald Trump, dos EUA; e Emmanuel Macron, da França| Foto: LARS HAGBERGAFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, ameaçou nesta quinta-feira (7) se juntar a outros líderes mundiais para emitir uma rara reprovação dos Estados Unidos na cúpula do G7, o grupo que reúne as nações mais ricas do mundo, que começa nesta sexta-feira (8) em Quebéc, no Canadá. 

Macron ameaçou excluir os Estados Unidos da declaração conjunta emitida todos os anos no final da cúpula do Grupo dos Sete como parte de uma reação internacional contra os esforços de Trump para mudar as regras do comércio mundial. 

"O presidente americano pode não se importar em ficar isolado, mas também não nos importamos em assinar um acordo entre seis países, se necessário", escreveu Macron no Twitter. "Porque esses seis países representam valores, representam um mercado econômico que tem o peso da história por trás e que agora é uma verdadeira força internacional". 

Trump respondeu, acusando Macron e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau de ferirem os Estados Unidos com práticas comerciais desleais. 

"Por favor, diga ao Primeiro Ministro Trudeau e ao Presidente Macron que eles estão cobrando tarifas massivas dos EUA e criando barreiras não monetárias. O superávit comercial da UE (União Europeia) com os EUA é de US$ 151 bilhões e o Canadá mantém nossos agricultores e outros de fora. Espero ansiosamente vê-los amanhã", Trump escreveu no Twitter.  

Ele seguiu o post com outro tuíte visando Trudeau: "O primeiro-ministro Trudeau está tão indignado, trazendo à tona o relacionamento que os EUA e o Canadá tiveram ao longo dos muitos anos e todo tipo de coisas ... mas ele não fala o fato de que eles nos cobram até 300% sobre laticínios - ferindo nossos agricultores, matando nossa agricultura!", escreveu Trump.

Líderes na Europa, Canadá e México estão furiosos com a invocação da segurança nacional por parte de Trump para justificar as tarifas sobre suas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos, que deve ser o principal assunto da cúpula do G7. Essas tensões transbordaram nos últimos dias durante telefonemas presidenciais com a primeira-ministra britânica Theresa May, Trudeau e Macron.

"A definição tradicional de aliados está certamente sendo questionada", disse Douglas Rediker, presidente executivo da International Capital Strategies, uma empresa de consultoria financeira.

Trump não vai participar da seção sobre o clima

Depois da discussão com Macron e Tradeau via Twitter, a Casa Branca anunciou que Trump vai retornar mais cedo aos Estados Unidos no sábado, já que não vai participar das reuniões sobre mudança climática e meio ambiente. Um assessor ira substituí-lo.

Ainda na tarde de quinta-feira, Trump estava questionando por que ele iria a uma reunião do G7, onde ele estaria em desvantagem em questões-chave como comércio e mudanças climáticas. Segundo a CNN, foi dito a Trump que cancelar totalmente sua participação na cúpula pareceria que ele estaria se esquivando de uma luta que ele orgulhosamente começou, e que, por isso, ele havia decidido ir ao encontro, mas mantendo uma postura agressiva.

Briga com aliados, acerto com adversário

Em contraste ao desentendimento com aliados, Trump demonstrou disposição de se conciliar com a China, na esperança de um acordo comercial que ele possa considerar como uma grande conquista. Poucas horas antes da troca de farpas com Macron e Tradeau no Twitter, o governo norte-americano havia suavizado a punição da empresa de telecomunicações chinesa ZTE, uma concessão que poderia abrir caminho para um acordo comercial com a China.

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A ZTE pagará uma multa de US$ 1 bilhão e concordará em financiar uma nova equipe interna de compliance composta por especialistas dos EUA, segundo informou o secretário do Comércio, Wilbur Ross. A medida abranda a proibição imposta pelo Departamento de Comércio em abril, a qual impedia que a ZTE comprasse componentes americanos por sete anos. Na época, o governo chinês reclamou que a medida poderia colocar a empresa fora dos negócios e impossibilitar a conclusão de um acordo comercial entre EUA e China. 

A decisão de abrandar a pena da ZTE alimentou uma rebelião entre os republicanos do Senado, que vêem a empresa como um risco à segurança nacional. 

Depois de assumir uma posição difícil no comércio com a China - exigindo em março que Pequim promulgue mudanças radicais em suas políticas industriais -, Trump parece estar caminhando para um acordo menos ambicioso envolvendo promessas chinesas de comprar mais produtos dos EUA.

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Estados Unidos isolado

Das tarifas do aço às sanções do Irã e à mudança climática, o presidente Trump se encontrará isolado de outros líderes do Grupo dos Sete na cúpula. As reuniões na sexta-feira (8) e no sábado serão a primeira oportunidade para os aliados mais próximos dos EUA expressarem sua frustração em reuniões face a face com Trump depois que ele impôs tarifas de aço e alumínio na semana passada. 

Assim como Macron desafiou Trump ao tuitar que os Estados Unidos ficariam de fora da declaração conjunta emitida pelos países ao final da cúpula, a chanceler alemã, Angela Merkel, está prometendo desafiar Trump sobre questões relativas ao meio ambiente. E os líderes europeus poderão pressionar o governo americano para que isente empresas da União Europeia (UE) das sanções econômicas ao Irã. 

"O encontro desta semana será de longe o mais disfuncional do G7", disse Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group, uma empresa de consultoria de risco político. "A velha ordem acabou. O que estamos discutindo agora, enquanto uma nova ordem emerge, é se os EUA querem ter o lugar mais importante à mesa ou não. Agora a resposta é não".

É uma mudança sombria para o G7, que se reuniu pela primeira vez em 1975, quando o grupo era de apenas seis países: os EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Itália e o Japão. Na época, era um fórum para democracias de mercado discutirem questões econômicas, como as consequências da primeira quebra do petróleo. O Canadá juntou-se ao grupo em 1976.

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