O príncipe herdeiro da coroa saudita, Mohammed bin Salman. Foto: Luke MacGregor / Bloomberg| Foto:

A Arábia Saudita informou na terça-feira (23) que executou 37 pessoas condenadas por crimes relacionados ao terrorismo, elevando para 105 o número de execuções nos primeiros quatro meses do ano, segundo o Ministério do Interior saudita e a Reprieve, um grupo de direitos humanos que acompanha a aplicação da pena de morte no reino.

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Um dos condenados foi crucificado depois de ser morto, segundo a imprensa internacional, citando um comunicado do Ministério do Interior do país. Na Arábia Saudita, o corpo crucificado de um condenado é usado para dissuadir outros de cometerem crimes.

Foi a maior execução em massa na Arábia Saudita desde o início de 2016, quando 47 pessoas foram mortas, também por acusações relacionadas ao terrorismo. A grande maioria dos executados na terça-feira eram membros da minoria muçulmana xiita da Arábia Saudita, segundo ativistas xiitas.

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Os condenados à morte incluíram pelo menos três pessoas que eram menores na época de seus supostos crimes, que confessaram sob tortura, segundo a Reprieve, que disse que forneceu assistência a cinco das pessoas executadas.

A Arábia Saudita geralmente decapita prisioneiros condenados à morte, em cerimônias realizadas por carrascos usando uma espada – uma punição que segue a interpretação rígida da lei islâmica pelo reino.

O Ministério do Interior da Arábia Saudita disse que as pessoas executadas eram todos cidadãos sauditas condenados sob acusações que incluíam adotar ideologias extremistas, formar células terroristas e atacar sedes de segurança. As execuções ocorreram poucos dias depois que as autoridades sauditas disseram que membros do Estado Islâmico, um grupo militante sunita, atacaram um quartel-general de segurança ao norte de Riad, capital do país.

As decapitações também ocorreram em um momento de fortes tensões entre a Arábia Saudita e seu principal rival, o governo xiita do Irã. A liderança saudita, comandada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, tentou combater a influência do Irã no Oriente Médio ao se opor a grupos militantes aliados a Teerã e reprimir dissidentes xiitas em seu país e em vizinhos como o Bahrein.

O processo da Arábia Saudita contra os xiitas, que se queixaram de discriminação no reino, agravou a rivalidade. Em 2016, quando as autoridades sauditas executaram o xeque Nimr al-Nimr, um clérigo xiita, os líderes iranianos condenaram a execução e manifestantes saquearam a embaixada saudita em Teerã. Quase imediatamente, a Arábia Saudita rompeu relações diplomáticas com Teerã.

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A Arábia Saudita está entre os países que mais aplicam a pena de morte, segundo grupos de direitos humanos. Na maioria das vezes, as sentenças são dadas a pessoas condenadas por crimes relacionados a drogas. O uso da pena de morte em casos relacionados ao terrorismo é mais incomum e tem sido criticado por defensores dos direitos humanos, porque os julgamentos são conduzidos por tribunais secretos e especializados.

Violação do direito internacional

Maya Foa, diretora da Reprieve, disse que essas execuções da terça-feira, após condenações no tribunal especializado em terrorismo, são uma "horripilante demonstração de impunidade do governo saudita" e uma "estarrecedora violação do direito internacional".

Mujtabaa al-Sweikat, uma das pessoas executadas na terça-feira, foi preso em um aeroporto na província oriental da Arábia Saudita em dezembro de 2012, enquanto se preparava para deixar o país para uma visita à Universidade Western Michigan, disse o grupo. Ele tinha 17 anos na época.

Ele foi acusado de desobedecer o monarca saudita, atacando as forças de segurança, entre outras ofensas, segundo a Reprieve. O grupo disse que ele foi torturado na prisão, não teve acesso a um advogado durante os interrogatórios e foi forçado a assinar uma confissão admitindo as acusações do promotor, inclusive a de participar em protestos.