Foguete lançado pelo Hamas da Faixa de Gaza atingiu ônibus em Holon, nos arredores de Tel Aviv, segundo forças israelenses, em 11 de maio. Imagem ilustrativa.| Foto: Reprodução / Twitter / Israel Defense Forces
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O confronto entre Israel e o Hamas chegou ao décimo dia sem sinal de trégua na manhã desta quarta-feira (19). De acordo com o exército israelense, foram feitos mais de 120 bombardeios contra alvos ligados ao grupo palestino, que respondeu com novos foguetes disparados contra o território vizinho. Autoridades de saúde de ambos os lados confirmaram 219 mortos em Gaza e 12 em Israel.

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Quatro foguetes foram disparados durante a manhã contra Israel, a partir do sul do Líbano. O Hamas não reivindicou a autoria do ataque, mas desde o início da escalada de violência entre israelenses e palestinos, foguetes foram disparados da mesma região em outros dois momentos. Em represália, Israel respondeu com disparos de artilharia contra o território libanês.

"Quatro foguetes foram disparados do Líbano para o território israelense. O escudo antimísseis Domo de Ferro interceptou um deles, e os outros três caíram, provavelmente, em terrenos descampados. Em represália, nossa artilharia apontou contra alvos em território libanês", declarou o Exército em um breve comunicado.

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Ao contrário do que ocorria na semana passada, e mantendo a tendência dos últimos dias, os lançamentos desde a Faixa de Gaza durante a madrugada de terça para quarta foram esporádicos, com várias horas de intervalo entre um e outro, e não causaram grandes danos. Os alarmes antiaéreos soaram cinco vezes em Israel, sempre em comunidades próximas à fronteira, longe das principais cidades.

De acordo com o exército israelense, os últimos lançamentos elevaram o número total de projéteis disparados por milícias desde o início da atual escalada de violência para 3.750. Deste número, estima-se que cerca de 550 tenham caído na própria Faixa de Gaza, enquanto a taxa de interceptação do sistema de defesa israelense permanece em torno de 90%.

Já os bombardeios israelenses tiveram como alvo, mais uma vez, uma rede de túneis subterrâneos de Gaza conhecida como "Metrô". De acordo com Israel, a estrutura pertence ao Hamas e é utilizada para transportar combatentes e armas de uma área para outra. Um porta-voz militar disse nesta quarta que o ataque da noite passada utilizou 52 aviões de combate, durou 25 minutos e atingiu cerca de 40 desses alvos.

Além disso, na manhã, aviões israelenses também atacaram o que eles descreveram como um local de fabricação de armas pertencente à Jihad Islâmica e, posteriormente, a residência de um alto funcionário do Hamas, entre outros alvos.

O número de palestinos mortos inclui 63 crianças, 36 mulheres e 16 idosos, de acordo com a contagem do Ministério da Saúde de Gaza, enquanto os feridos chegam a 1.530.

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Em entrevista ao Estadão, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) para a América Latina, major Roni Kaplan, disse que, desde a escalada do conflito, cerca de 130 dos mortos em Gaza eram terroristas. Segundo ele, a possibilidade de as forças israelenses entrarem por terra na Faixa de Gaza existe e depende de como vai se desenrolar o conflito.

A mídia local, contudo, sustenta rumores de que um possível cessar-fogo pode entrar em vigor a partir de amanhã, embora nem o Hamas nem as autoridades israelenses tenham feito comentários sobre o assunto.

Pressão internacional

Após mais uma noite de violência no décimo dia de hostilidades entre israelenses e palestinos, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que espera uma "desescalada significativa" do conflito militar com os palestinos.

Em comunicado divulgado pela Casa Branca, após a quarta conversa entre Biden e Netanyahu desde o início da crise atual, "o presidente expressou ao primeiro-ministro que espera uma significativa desescalada hoje para encaminhar um cessar-fogo".

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A comunidade internacional tem se mobilizado na tentativa de encontrar uma solução para o fim da violência entre israelenses e palestinos. O próprio Biden vem pressionando o premiê israelense a aceitar um cessar-fogo desde o começo da semana - embora publicamente a Casa Branca mantenha o apoio irrestrito a Israel - mas subiu o tom nesta quarta.

Desde o início do conflito, a Casa Branca demanda uma gestão diplomática "discreta". Muitas vozes se levantam, no entanto, dentro do Partido Democrata (de Biden), por uma posição mais firme com Netanyahu.

Duas pessoas que presenciaram o telefonema entre Biden e Netanyahu, na segunda-feira (17), disseram ao New York Times que o presidente deixou claro que não poderia segurar muito tempo a pressão internacional contra os bombardeios israelenses.

Israel diz que aguarda "o momento certo" para encerrar sua ofensiva contra o enclave palestino.

A Alemanha, outra potência ocidental que vem demonstrando apoio ao direito de defesa israelense, anunciou que vai enviar na quinta-feira (20), o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, a Israel e Ramallah (Cisjordânia), para realizar várias reuniões com o objetivo de diminuir a escalada entre israelenses e palestinos. Maas deve se encontrar com o chanceler israelense, Gabi Ashkenazi, o ministro da Defesa, Benny Gantz, e o presidente Reuven Rivlin. Do lado palestino, ele se encontrará com o primeiro-ministro Mohamed Shtayyeh, segundo comunicado oficial.

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Na terça-feira 18, os presidentes da França e do Egito, Emmanuel Macron e Abdel Fattah el-Sisi, encontraram-se em Paris, onde participaram de uma videoconferência com o rei da Jordânia, Abdullah II, para discutir o fim do conflito.

Segundo autoridades de saúde de Gaza e Israel, 219 pessoas morreram do lado palestino, enquanto 12 morreram em território israelense.

Protestos internos

Palestinos em Israel e nos territórios ocupados entraram ontem em greve em um raro protesto coletivo. Apesar de o movimento ter sido pacífico em muitos lugares, com as lojas fechadas nas movimentadas ruas da Cidade Velha de Jerusalém, a violência explodiu na Cisjordânia.

Centenas de palestinos queimaram pneus em Ramallah e atiraram pedras contra um posto de controle militar israelense. As tropas dispararam gás lacrimogêneo. Três manifestantes foram mortos e mais de 140 ficaram feridos. O Exército israelense disse que dois de seus soldados foram feridos por tiros nas pernas.