Ativistas manifestaram a esperança de que a marcha de 2022 seja a última, já que a Suprema Corte pode mudar este ano a jurisprudência sobre o aborto no país| Foto: March For Life
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Milhares de manifestantes realizaram nesta sexta-feira (21) na capital americana, Washington, a 49ª edição da Marcha pela Vida, evento de oposição ao aborto que é sempre realizado perto do aniversário da decisão Roe v. Wade, quando a Suprema Corte autorizou o aborto nos Estados Unidos em determinadas condições, em 22 de janeiro de 1973.

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Os organizadores não divulgaram uma estimativa de quantas pessoas participaram da marcha, mas no protocolo para pedir autorização para o evento haviam estimado a presença de pelo menos 50 mil manifestantes.

Este ano, os ativistas manifestaram a esperança de que a marcha de 2022 seja a última, já que a Suprema Corte dos Estados Unidos iniciou em dezembro um julgamento que pode mudar a jurisprudência sobre o aborto no país. No mês passado, foram ouvidas as argumentações orais do caso Dobbs v. Women’s Health Organization, cujo resultado deve ser conhecido este ano.

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Nesse processo, o tribunal pode alterar ou derrubar as decisões dos casos Roe v. Wade e Planned Parenthood v. Casey (este de 1992), quando a Suprema Corte determinou que os estados americanos não podem proibir o aborto antes da chamada viabilidade  – período mínimo de gestação para um feto conseguir sobreviver fora do útero, hoje estimado em cerca de 24 semanas.

A discussão do caso teve início quando a Women’s Health Organization entrou com ação em um tribunal federal inferior para questionar uma lei aprovada no Mississippi em 2018, que proíbe o aborto após 15 semanas de gravidez, exceto em situações para salvar a vida e preservar a saúde física da mãe ou de anormalidade fetal grave.

Em resposta, o estado do Mississippi recorreu à Suprema Corte no segundo semestre de 2020, pedindo aos juízes que decidissem se todas as proibições de abortos de pré-viabilidade no país são inconstitucionais.

A Suprema Corte tem agora uma maioria conservadora de seis de nove juízes, o que dá aos manifestantes que estiveram em Washington nesta sexta-feira a perspectiva de que a jurisprudência será revertida.

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“Minhas esperanças foram frustradas muitas vezes, mas nunca me senti [tão otimista] assim”, disse Joe Pojman, diretor executivo da Texas Alliance for Life, à Associated Press.

A manifestante Melanie Frei, de 66 anos, que veio do Wisconsin para participar da marcha, disse ao Washington Post que “um dia haverá no [museu] Smithsonian uma exposição do movimento pró-vida pelo fim do aborto”. “Acabamos com a escravidão, acabamos com a segregação [racial] e agora vamos acabar com o aborto”, acrescentou.

Kristan Hawkins, presidente da Students for Life of America, afirmou ao Post que a derrubada de Roe v. Wade “será apenas o começo”. “É para isso que estamos nos preparando com esse ‘exército’, para essa luta que será disputada estado a estado”, apontou.

No ano passado, o Instituto Guttmacher, organização de pesquisa que apoia o aborto, informou que a derrubada da Roe v. Wade faria com que 26 estados americanos restringissem ou tentassem restringir o aborto imediatamente.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, reiterou na sua coletiva de imprensa diária o apoio do governo Joe Biden ao aborto. A administração democrata entrou no ano passado com uma ação contra a chamada lei do batimento cardíaco do Texas, que proíbe que o aborto seja realizado no estado a partir do momento em que o batimento cardíaco do feto pode ser detectado (normalmente por volta da sexta semana de gestação) e prevê que qualquer cidadão pode ajuizar ação civil contra pessoas que “ajudarem ou induzirem” à interrupção da gravidez após esse período.

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Nesta semana, a Suprema Corte negou mais uma vez que a lei texana fosse suspensa até que haja decisão judicial sobre o assunto.

“Os cuidados de saúde reprodutiva estão sob ataque extremo e implacável desde então (1973), especialmente nos últimos meses”, disse Psaki nesta sexta-feira. “Estamos profundamente comprometidos em garantir que todas tenham acesso aos cuidados de saúde e vamos defendê-los com todas as ferramentas que temos. Isso inclui continuar trabalhando com o Congresso para aprovar a Lei de Proteção à Saúde da Mulher e codificar esse direito fundamental em lei.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]