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A partir desta semana, o controle das conturbadas águas li­­banesas será responsabilidade de um brasileiro, o contra-almirante Luiz Henrique Caroli. Ele comandará a força tarefa marítima da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma missão de paz no Líbano, conhecida como Unifil.

Carolli vai liderar oito em­­barcações, com 800 oficiais e marinheiros de cinco nacionalidades. Sua principal tarefa na missão será impedir a passagem de armamentos através das águas libanesas. Em conversa por telefone com a Gazeta do Povo, Carolli falou um pouco sobre a situação do país e também so­­bre os desafios que aguardam a missão.

Os atuais protestos no Norte da África preocupam, de alguma forma, a missão de paz brasileira?

Preocupação não traz não. Os fatos são importantes e te­­mos que estar atentos – até porque no Oriente Médio às ve­­zes as coisas evoluem de um mo­­do indesejado. O Líbano é um país muito peculiar, pois tem representação de vários países, várias etnias e correntes religiosas. Logo, tudo acontece na região costuma se refletir no Líbano.

Os problemas que ocorrem no Norte da África podem, sem dúvida, levar a um aumento de tensão na região. Mas hoje, do jeito que a situação está, eles estão sendo vistos co­­mo problemas internos de cada país e que não afetam a Unifil ainda não. Essa, lógico, é minha opinião. Não estou fa­­lando pela Unifil.

O fato do envio de uma missão de paz brasileira ao Líbano tem relação com o sucesso das operações brasileiras no Haiti?

Eu acredito que sim. A ONU convidou o Brasil para assumir o comando da força tarefa marítima baseada no bom desempenho dos militares brasileiros, não só no Haiti como nas outras operações. O Brasil detém uma tradição de referência em termos de operação de paz. Isso se deve em parte às nossas características como povo, nossa forma de ser e sobretudo pela qualidade dos nossos militares. Então eu entendo que sim, que o convite foi feito devido ao sucesso de nossas participações em operações diversas. Além do que, o Brasil é um país bem aceito na região e é visto como uma nação de posição neutra em relação aos conflitos que os países da região estão envolvidos.

Como a Marinha brasileira pode contribuir para a paz no Oriente Médio?

A missão de paz no Líbano (Unifil) é a primeira que tem um componente marítimo de peso e tem um papel muito im­­portante lá. Ela contribui para a estabilidade na região. Só para citarmos um exemplo, o co­­mércio marítimo libanês de 2006 para cá cresceu em 30%. E isso é consequência da presença dos navios da ONU lá. Na medida em que nós vamos assumir o comando dessa força, aliada a nossa posição de neutralidade, com a presença dos navios lá – não só do ponto de vista operacional, mas também político – daremos contribuição para que aquela re­­gião tenha mais estabilidade e isso se reflete na estabilidade do Oriente Médio.

O que temos visto nos úl­­timos anos é que quase todos os problemas que ocorrem no Oriente Médio ecoam no Líbano. Então, de certa forma, com nossa atuação atuação lá, nós estamos contribuindo não só para a paz e estabilidade do Líbano como de todo o Oriente Médio.

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