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Com a presidente argentina, Cristina Kirchner, afastada da cena política, os diferentes setores do partido Frente para a Victoria (FPV) alinham suas estratégias para ganhar poder após as eleições legislativas do próximo domingo (27), com foco na presidência de 2015.

Cristina, operada recentemente de um hematoma craniano, permanece afastada da frente política em plena campanha eleitoral, na qual ganha força a figura do governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que nunca escondeu suas aspirações a ocupar o cargo de presidente.

Com o apoio de membros do governo, como o chefe de gabinete, Juan Manuel Abal Medina, os ministros Julio de Vido (Planejamento) e Hernán Lorenzino (Economia), e o vice-presidente, Amado Boudou, Scioli representa a ala mais moderada do kirchnerismo.

"Scioli está vivendo seus dias de glória já que a presidente não está no comando. O problema é que isso tem prazo de validade", disse à Agência Efe Jorge Arias, da empresa de consultoria PoliLat.

De acordo com Arias, "como o barco está sem comando, ele (Scioli) pode se aproveitar da sua boa imagem pública e suas boas relações com os outros peronistas".

"Mas isso é uma situação de curto prazo. Com o retorno de Cristina e com o fim do processo eleitoral, ele deixará de ser importante para a Frente para a Victoria. Daí voltarão a aparecer os problemas que o perseguem há alguns anos, como é o caso da sua própria gestão no governo portenho", acrescentou.

Com Cristina fora de jogo, nos últimos dias surgiu com força o nome de Sergio Urribarri, o governador da província de Entre Ríos (nordeste).

Urribarri é apoiado por Carlos Zannini, secretário Jurídico e Técnico da Presidência e representante da ala mais radical do kirchnerismo. Além disso, este último vem sendo o braço direito da presidente em seu período de recuperação em detrimento de Boudou, a quem Cristina relegou à representação governamental nos atos oficiais.

De fato, Boudou não representou a Argentina na 23ª Cúpula Ibero-Americana ocorrida no último fim de semana no Panamá, mas sim o titular da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez, e o chanceler Héctor Timerman.

A intenção de Zannini e dos representantes do "cristinismo", defendida pelo vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, e pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, seria que Urribarri ocupasse a chefia de gabinete, tirando Abal Medina, para depois transformá-lo em seu afilhado político.

O governador de Entre Ríos teria também o apoio de La Cámpora, a ala jovem do FPV, liderada por Máximo Kirchner, filho mais velho da chefe de Estado.

"Agora, aparece essa figura (Urribarri) muito mais provável que Scioli, já que estão buscando alguma maneira assegurar a continuidade do projeto kirchnerista no governo", afirmou Jorge Arias.

No entanto, "em dois anos, apesar de que nesse sentido a Argentina é muito volúvel, não se pode assegurar que Urribarri possa ser um capitão que leve esta nave rumo ao triunfo concretamente".

De fato, para o analista político "tudo será reorganizado quando a presidente voltar. Ela irá retomar o governo e levá-lo em alguma direção desconhecida, mas possivelmente não será a mesma que estão imaginando."

Apesar da doença de Cristina supor "uma recuperação de seus níveis de popularidade", o fechamento ou não com honras no governo dependerá, segundo o especialista, "de sua atitude" uma vez reintegre às tarefas à frente do Executivo.

"A sociedade está esperando que ela seja um pouco mais aberta, que escute um pouco mais a voz das urnas e da democracia. A presidente ficou muito fechada naqueles 54% de 2011 e tudo parece indicar que essa porcentagem vai ter uma grande queda no próximo domingo", afirmou.

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