Crianças afegãs em parque de diversões em Cabul, capital do Afeganistão| Foto: EFE/EPA/STRINGER
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Na Assembleia Geral das Nações Unidas, os discursos do debate geral, que chega ao fim nesta segunda-feira (27), tiveram três assuntos principais: mudanças climáticas, a vacinação contra a Covid-19 e a crise no Afeganistão. Foi a primeira assembleia da ONU depois da saída dos Estados Unidos do país asiático, após uma ocupação de quase 20 anos, e depois do retorno do Talibã ao poder, e os discursos feitos pelos chefes de estado alternaram lamentações, pedidos de ajuda humanitária e respeito aos direitos humanos, preocupações com o terrorismo e alfinetadas.

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Logo no primeiro pronunciamento, na terça-feira (21), o presidente do Brasil (país que sempre abre o debate geral), Jair Bolsonaro, apontou que o futuro do Afeganistão causa “profunda apreensão” e que pretende conceder visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos.

O presidente dos Estados Unidos (sempre o segundo a falar), Joe Biden, deu ao seu discurso, a exemplo do que fez no primeiro pronunciamento após a retirada americana do Afeganistão, um tom de página virada.

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“Venho aqui hoje pela primeira vez em 20 anos em que os Estados Unidos não estão em guerra. Viramos essa página”, afirmou. Ele acrescentou que a guerra deve ser sempre “o último recurso” e que os Estados Unidos pretendem abrir “uma nova era de diplomacia incansável”.

No mesmo dia, o ditador da China, Xi Jinping, alfinetou os americanos a respeito da saída do Afeganistão, sem mencionar os nomes dos dois países. “Episódios recentes mostram que a intervenção militar de fora e a chamada transformação democrática não acarretam em nada além de danos”, discursou.

Outros dois rivais históricos, Índia e Paquistão, também mencionaram o assunto ao longo da semana. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, alertou que são necessárias medidas para que o Afeganistão não volte a se tornar um abrigo para terroristas e para que “nenhum país aproveite a delicada situação em nome dos seus próprios interesses egoístas”.

O primeiro-ministro Imran Khan, do Paquistão, iniciou numa linha parecida e apontou que “um Afeganistão desestabilizado e caótico se tornará novamente um porto seguro para terroristas internacionais”, mas em seguida defendeu que o mundo dê uma chance ao Talibã para que isso não aconteça.

“Só há um caminho a percorrer. Devemos fortalecer e estabilizar o governo atual”, argumentou, alegando que a comunidade internacional deve “ incentivar” o Talibã a “respeitar os direitos humanos, manter os terroristas longe de seu solo e ter um governo inclusivo”.

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Curiosamente, numa Assembleia Geral em que muitos falaram em nome do Afeganistão, o país não falou por si próprio. Nesta segunda-feira, o embaixador afegão Ghulam Isaczai, que havia sido nomeado pelo governo deposto pelo Talibã para falar na ONU, desistiu de fazer o discurso. O governo talibã havia pedido na semana passada ao comitê de credenciais da Assembleia Geral para falar nas Nações Unidas, mas não houve resposta – o comitê se reúne normalmente apenas em novembro e suas decisões são por consenso.