Guerra na Ucrânia afeta diretamente a cotação de commodities como o trigo. Neste ano, preço da farinha já aumentou 15,44% para o consumidor brasileiro; o pão francês subiu 9,72% e o macarrão, 15,46%.
O trigo é uma das commodities agrícolas mais expostas ao conflito no Leste Europeu, já que tanto a Rússia quanto a Ucrânia estão entre os maiores exportadores internacionais.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi di Maio, afirmou neste sábado (4) que a "guerra mundial do pão já começou" devido ao bloqueio de cereais na Ucrânia, o que impede que muitos países vulneráveis tenham acesso aos grãos, implicando "o risco de surgirem novos conflitos na África". A crise alimentar mundial já é considerada a maior dos últimos 14 anos. "A guerra mundial do pão já está em curso e temos de acabar com ela. Estamos nos arriscando a uma instabilidade política na África, à proliferação de organizações terroristas, golpes de Estado: isto pode ser provocado pela crise dos cereais que estamos vivendo", disse Di Maio.

Antes da guerra, a Ucrânia era um dos principais exportadores mundiais de cereais e fertilizantes agrícolas, e os seus produtos eram cruciais para a segurança alimentar em áreas como o Oriente Médio e o Norte da África. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, "precisa chegar a um acordo de paz o mais rapidamente possível, incluindo um acordo sobre cereais, assim como um acordo de cessar-fogo que nos permita evacuar mulheres, civis e crianças que estiveram sob bombas russas no leste da Ucrânia durante 100 dias", acrescentou.

"Há 30 milhões de toneladas de cereais bloqueados nos portos ucranianos por navios de guerra russos. O que estamos fazendo é trabalhar para que a Rússia desbloqueie a exportação de trigo para os portos ucranianos, porque neste momento corremos o risco de novas guerras na África", explicou Di Maio.

O chefe da diplomacia italiana recordou que será realizada "uma primeira sessão de diálogo com os países mediterrâneos sobre segurança alimentar, trabalhando com todos os parceiros juntamente com Alemanha, Turquia, França e muitos outros para alcançar o objetivo de desbloquear as quantidades de trigo que devem sair da Ucrânia".